O último painel do segundo dia do 20.º Congresso de Nutrição e Alimentação, organizado pela Associação Portuguesa de Nutrição (APN), teve como tema central «ligações entre a obesidade infantil e pandemia da covid-19».
João Breda, gestor do programa de Nutrição, Atividade Física e Obesidade da Organização Mundial da Saúde (OMS), considera que «a pandemia teve um impacto muito significativo nos hábitos alimentares e nos estilos de vida das crianças». O coordenador do programa da OMS considera que «a covid-19 ampliou uma das tendências mais preocupantes na União Europeia», nomeadamente o crescimento da obesidade infantil.
A pandemia também dificultou a implementação de algumas recomendações da OMS, como «o aumento do acesso a produtos alimentares frescos e o acesso aos programas e serviços de aconselhamento nutricional».
O encerramento das escolas aumentou o tempo de utilização dos computadores e dos telemóveis, desregulou os padrões de sono e provocou o aumento de peso prejudicial à saúde das crianças. Por consequência, devido ao confinamento obrigatório, houve uma diminuição da atividade física e de acesso aos espaços exteriores.
Segundo João Breda, o menor acesso aos espaços exteriores, aliado aos maus hábitos alimentares e à escassa atividade física, provocou um aumento do peso nas crianças e, por consequência, o risco de obesidade.
O responsável referiu que o isolamento social também teve repercussões a nível psicológico nas crianças, tendo-se registado um «aumento de casos de depressões, frustrações e ansiedade». Para João Breda, «quanto maior o tempo de isolamento social, maior será o aumento do índice de massa corporal e da prevalência de obesidade infantil». O nutricionista acredita que «só o tempo irá revelar os efeitos da pandemia da covid-19 na obesidade infantil».
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