XX CNA: «A humanidade já come pão há mais de três mil anos, como é que pode ser um veneno?» 1111

Ao final da tarde do primeiro de dois dias do 20.º Congresso de Nutrição e Alimentação, organizado pela Associação Portuguesa de Nutrição (APN), houve espaço para uma sessão que abordou a «fobia aos químicos alimentares».

José Mulet, professor no Instituto de Biologia Molecular da Universidade Politécnica de Valência, começou por explicar que a indústria alimentar está em constante evolução, especialmente com a «introdução de novos químicos».

A esperança média de vida tem vindo a aumentar em muitos países e Portugal não é uma exceção. O professor universitário garante que a «alimentação é segura nos países ocidentais». Contudo, questiona a forma como a informação sobre os químicos alimentares chega ao consumidor.

De seguida, José Mulet refere que o «consumo de pão é visto como um veneno quotidiano para a saúde». Na perspetiva do professor da Universidade de Valência, há uma transmissão contínua de informações sobre os químicos adicionados aos produtos alimentares que não correspondem à realidade. Por este motivo, os consumidores ficam «mais reticentes» no momento da compra de produtos alimentares com químicos adicionados.

«A humanidade já come pão há mais de três mil anos, como é que pode ser um veneno?», questiona José Mulet. De seguida, acrescenta que «quando o consumidor está assustado é mais fácil vender coisas supérfluas». O investigador dá o exemplo dos produtos alimentares que utilizam as seguintes «palavras mágicas»: «natural, tradicional, sem corantes ou conservantes».

Ao longo da apresentação, o professor referiu que o «consumidor português tem muito medo dos pesticidas presentes nos alimentos», seguindo-se o receio da «intoxicação alimentar» ou de outros «resíduos de pesticidas». José Mulet afirma que há «vigilância muito forte» sobre os produtos comercializados na Europa e, por isso, não acredita que «exista algum problema quanto à sua segurança».

«Na Dinamarca, houve um estudo sobre os níveis tóxicos dos alimentos comercializados e concluíram que beber um copo de vinho por dia tem os mesmos riscos de toxicidade do que consumir alimentos das grandes superfícies por um período de 7 anos», explica.

Mais, o professor da Universidade Politécnica de Valência afirmou que a «água potável levou um elemento químico como o cloro». No entanto, na perspetiva de José Mulet, os países com água potável são aqueles que possuem valores mais elevados no índice de esperança média de vida. Portanto, o investigador afirma que «não compreende o receio dos consumidores».

Por último, José Mulet critica os produtos naturais, questionando a sua «composição molecular». O professor defende que a alimentação orgânica está baseada em alimentos naturais, mas relembra que alguns destes produtos são «muito tóxicos».

Veja a reportagem completa sobre o XX CNA na edição de novembro da revista VIVER SAUDÁVEL.