No XIX Congresso de Nutrição e Alimentação (CNA), organizado pela Associação Portuguesa de Nutrição (APN), discutiu-se também o Jejum intermitente e a dieta FODMAP, na mesa redonda intitulada “Hot Topics em Nutrição Clínica”.
Esta sessão teve como moderadora Catarina Sousa Guerreiro (Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa), e contou com as presenças de Nuno Borges (Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto e APN) e de Fábio Cardoso (Centro Hospitalar Universitário de São João).
Nuno Borges apresentou o tema “Jejum intermitente: o que há de novo?”, em que defendeu as virtudes desta privação intervalada de alimentos (em dia alternados).
O nutricionista explicou que o jejum intermitente pode potenciar o combate à obesidade e excesso de peso, bem como ajudar no “mecanismo de adaptação que potenciam o aumento da resistência dos órgãos ao stress”, pois as células “tornam-se mais resilientes e mais fortes para combater outros tipos de agressões ao organismo”.
Apesar de defender o jejum intermitente, Nuno Borges alertou para os perigos de seguir este tipo de regime sem uma monitorização apertada (e cientificamente fundamentada) do nutricionista.
Fábio Cardoso teve a seu cargo o tema “Dieta restrita em FODMAP: uma visão geral”, onde abordou o potencial terapêutico desta dieta, consagrada para doentes com distúrbios gastrointestinais.
O nutricionista defendeu que uma dieta restrita em FODMAP “pode aliviar a sintomatologia de desconforto nestes indivíduos”, tentando-se reduzir o consumo de nutrientes FODMAP “em 3 gramas diárias) – quando a média de uma dieta “normal” rondará as 30 a 40 gramas diárias. Mas só se poderão obter resultados, mediante os testes “para provocar sintomas” para apurar quais os FODMAP causadores dos incómodos.
Em suma, a dieta restrita em FODMAP é para ser desenvolvida “passo a passo e fomentar uma relação de causalidade” entre os nutrientes e seus efeitos no paciente.
Para Fábio Cardoso, este tipo de dieta “é mais complexa e é mais cara”, necessita de tempo para alcançar evidência e exige “um alto grau de literacia”, quer do doente, “quer do nutricionista”, concluiu.