26 de Novembro de 2015 A indústria da carne em Portugal sentiu uma redução de cerca de 5% nas vendas no último mês, um impacto decorrente da divulgação do estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) que colocou a carne processada como cancerígena. «O impacto da divulgação do estudo da OMS junto das empresas nossas associadas resultou numa redução das vendas de cerca de 5%, até à data», referiu à agência “Lusa” fonte oficial da Associação Portuguesa dos Industriais de Carne. No dia 26 de outubro, há um mês, era divulgado um estudo da Agência Internacional para a Investigação sobre o Cancro (IARC, na sigla em inglês) que revelou que a carne processada – como bacon, salsichas ou presunto – é cancerígena para os seres humanos. O mesmo documento da IARC (agência que depende da Organização Mundial de Saúde – OMS) alertou que a carne vermelha também é «provavelmente» cancerígena. O relatório referiu que a ingestão diária de 50 gramas de carne processada – menos de duas fatias de bacon – aumenta a probabilidade de desenvolver cancro colorretal (também conhecido como cancro do intestino) em 18%. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, o consumo de carne de vaca e de porco tem vindo a diminuir em Portugal desde 2008, enquanto a carne de aves vai conquistando maior lugar na alimentação dos portugueses. «Desde que há registo, inverte-se pela primeira vez uma tendência: a carne de aves (animais de capoeira) cresce ao contrário da de bovino e da de suíno. Mesmo assim, a proporção de proteína de origem animal ainda está acima do desejável», refere o relatório Alimentação Saudável em Números 2014 da Direção-geral da Saúde, que recorre a dados do Instituto Nacional de Estatística entre os anos de 2008 e 2012. Na ocasião, a DGS considerou que o consumo de carne processada não é problemático, desde que seja moderado e em refeições com alimentos protetores, como as frutas e hortícolas. Pedro Graça, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da DGS, afirmou: «Não é um bife de vaca que, apesar de dever ser consumido de forma moderada, vai provocar o cancro. Agora, o seu consumo deve manter-se ou ser reduzido para até 500 gramas por semana, o que equivale a quatro ou cinco refeições de carne por semana» explicou. Quando o documento da OMS foi divulgado, os industriais da carne consideraram logo impróprio atribuir a um único fator um risco aumentado de cancro, rejeitando «firmemente» a classificação feita pela IARC. A Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes decidiu subscrever a posição da associação europeia sobre a classificação feita pela IARC: «considera-se inapropriado atribuir a um único fator um risco aumentado de cancro», uma vez que se trata de um «assunto muito complexo que pode ser dependente de uma combinação de muitos fatores, tais como: idade, genética, dieta, ambiente e estilo de vida». «Não é apenas um grupo específico de alimentos por si só que define os riscos associados à saúde, mas a dieta como um todo, em conjunto com qualquer um dos outros fatores», referia a nota da Associação Portuguesa, que citava a posição assumida pela Associação Europeia dos Industriais da Carne. |