Ao tomar conhecimento que a Unidade Local de Saúde do Médio Tejo se prepara para internalizar grande parte dos serviços de análises clínicas, estando já em curso a instalação de postos de recolha nas unidades de cuidados de saúde primários, a Associação Nacional de Laboratórios Clínicos (ANL) manifesta a sua oposição a este processo e ao atual modelo de financiamento das Unidades Locais de Saúde (ULS).
Num setor em que mais de 96% dos pontos de acesso são pontos não públicos, obrigar os utentes a só poderem realizar as suas análises clínicas nos locais da ULS constitui um retrocesso grave na segurança e qualidade dos atos, na liberdade de escolha dos utentes e na concorrência. Os laboratórios e os postos de colheitas das ULS não se encontram licenciados, não cumprem regras de qualidade, e os utentes passam a ser impedidos de acederem, como até agora, à rede existente e de proximidade de laboratórios clínicos com que sempre puderam contar.
Nuno Marques, diretor-geral da ANL, reforça que “todos os utentes têm o direito de escolher o laboratório clínico que melhor atenda às suas necessidades e que garanta uma abordagem personalizada e eficaz. Para encontrar um modelo de organização justo e equilibrado é fundamental a existência de um diálogo aberto e a cooperação entre todas as partes interessadas para que, em conjunto, se encontrem soluções que assegurem a sustentabilidade dos laboratórios clínicos e, acima de tudo, protejam os direitos dos utentes”.
No que diz respeito às poupanças defendidas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) em relação à internalização, a ANL cita o estudo ‘Quantificação de custos de realização de análises clínicas’ realizado pela Roland Berger, em 2018 e a pedido da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), que demonstra que há uma ausência de racional económico na tomada de decisões de internalização das análises clínicas. Os laboratórios privados são, e sempre foram, mais eficientes e capazes de realizar as análises clínicas de forma mais próxima, sem listas de espera, com mais qualidade e a um custo inferior do que se realizadas internamente nos hospitais públicos. Estes processos de internalização produzem prejuízos graves para os utentes e colocam em causa a sustentabilidade dos laboratórios de análises clínicas, que empregam mais de 15.000 Colaboradores.
A ANL continua comprometida em promover a excelência nos serviços laboratoriais e em defender os interesses dos utentes, contribuindo para um sistema de saúde mais eficiente e centrado no doente.