Podem ser benignos, mas são-no muitas vezes também malignos. Os tumores na órbita, globo ocular ou até pálpebra são uma realidade, ainda que pouco conhecida e, neste Dia Mundial de Luta contra o Cancro, a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) aproveita para chamar a atenção para a necessidade de estarmos cada vez mais atentos à nossa saúde ocular, em nome de uma deteção e tratamento precoces.
“Felizmente, os tumores malignos oculares são relativamente raros e embora possam surgir em qualquer idade, são mais frequentes em idade adulta, especialmente em idosos”, explica Rufino Silva, presidente da SPO. E são vários os fatores de risco, pessoais e ambientais, que podem contribuir para o desenvolvimento de lesões tumorais oculares, “nomeadamente a genética, o estado imunitário, a cor da pele, a exposição à luz solar ou UV, entre outros”, acrescenta o especialista.
Os tumores intraoculares podem, segundo Rufino Silva, ter origem no olho, conhecidos como tumores primários, mas podem estar também associados a um qualquer outro órgão ou tecido do corpo, “após o que invadem ou disseminam para o olho”, os chamados os tumores secundários. Neste último grupo, encontram-se mais frequentemente metástases de tumores da mama e do pulmão, assim como algumas doenças hematológicas. Por outro lado, os tumores primários do olho podem também enviar metástases à distância para outros órgãos alvo, mais frequentemente o pulmão e o fígado, podendo pôr em risco a vida do doente”.
Também as crianças podem ser vítimas de cancro ocular. Aqui, o retinoblastoma é o tumor mais frequente, surgindo até aos cinco anos de idade em mais de 90% dos casos. “A leucocória (reflexo pupilar branco) e o estrabismo são os sinais mais frequentes à apresentação. Sem tratamento, o retinoblastoma leva à morte em dois a quatro anos por invasão do sistema nervoso central e metastização à distância.” A boa notícia é que, se identificado e tratado precocemente, “apresenta uma sobrevida superior a 90%”.
Nas pálpebras podem também podem surgir lesões tumorais benignas ou malignas. “O carcinoma basocelular é o tumor palpebral maligno mais comum e corresponde a 90% de todas as lesões malignas palpebrais”, sendo a exposição solar um dos principais fatores de risco. Estar, por isso, atento “a alterações recentes do bordo palpebral, distorção da margem palpebral, perda de pestanas, ferida que sangra facilmente e que não cicatriza ou alterações da cor e textura da pele” é essencial. “Qualquer dúvida deve ser esclarecida com o seu oftalmologista, que fará o diagnóstico num exame de rotina. Quanto mais precoce for o diagnóstico e o tratamento, maior a probabilidade de cura.”