Sudão do Sul: “As pessoas dependem agora da erva, como herbívoros” 797

Pelo menos 12 pessoas, incluindo cinco crianças, morreram de fome em cinco dias no Sudão do Sul, na região administrativa do Grande Pibor, numa conjuntura de crise humanitária profunda no país, anunciaram esta quarta-feira as autoridades.

O comissário do condado de Likuangole, John Gogol, declarou à Rádio Tamazuj que as mortes ocorreram entre 28 de junho e 2 de julho e advertiu que há mais pessoas em risco de fome, razão pela qual apelou à entrega de ajuda.

Os mortos são quatro homens, três mulheres e cinco crianças”, disse, acrescentando que “morreram de fome e de sede”, cita a Lusa.

“As pessoas não têm comida e a água dos rios está lamacenta. As más colheitas agravaram a fome”, lamentou.

“As pessoas dependem agora da erva, como herbívoros, e mesmo a erva comestível está a esgotar-se”, disse Gogol, que apelou à entrega de ajuda para “evitar uma fome em grande escala” no condado de Likuangole, com as autoridades centrais ainda a não comentarem a situação.

O ministro da Informação da região administrativa do Grande Pibor, Oleyo Akwer Nyalus,  juntou-se aos pedidos de ajuda e sublinhou que “a situação em Likuangole está fora de controlo”.

“Mais condados são afetados”, lamentou, referindo que recentemente mais dois homens morreram de fome em Gumuruk.

O país, mergulhado numa grave crise humanitária, deverá realizar eleições gerais em dezembro de 2024, após vários atrasos desde a assinatura, em 2018, de um acordo de paz entre o Presidente, Salva Kiir, e o antigo líder rebelde e atual primeiro vice-presidente, Riek Machar, para pôr fim a anos de conflito.

Apesar do declínio da violência devido ao conflito político, o país assistiu a um aumento dos confrontos intercomunitários, motivados sobretudo pelo roubo de gado e por disputas entre pastores e agricultores nas zonas mais férteis do país, especialmente devido ao aumento da desertificação e à deslocação das populações.