Só metade das frutas dos supermercados tem origem portuguesa 1191


07 de setembro de 2017

Apenas metade das frutas e dois terços dos hortícolas de época comercializados nos supermercados é produzida em Portugal, denunciou hoje a associação ambientalista Zero, depois de ter analisado a origem destes produtos.

A Zero publicou hoje os resultados de um levantamento da origem de hortícolas e frutas consumidos diariamente, concluindo que «há uma oferta de produtos oriundos de países distantes muito além do que é desejável», quando muitos deles poderiam ser produzidos em Portugal.

Em comunicado, a associação ambientalista explica que, depois deste levantamento, que envolveu a realização de 94 inquéritos em superfícies comerciais de 24 municípios de Portugal continental e Madeira, sobre a origem dos produtos, constatou-se que cerca de 65% dos hortícolas e apenas 50% dos frutos são de produção nacional, avançou a “Lusa”.

Apesar de reconhecer no caso dos hortícolas um esforço de incentivo, a Zero considera que ainda há muito a fazer para «favorecer a produção nacional», nomeadamente a nível de produtos de grande consumo, como o tomate, pimento, curgete, cebola e batata, em que menos de 50% tem origem portuguesa.

Ainda assim, dos 19 produtos analisados em 49 inquéritos sobre hortícolas, sete são totalmente produzidos em Portugal, nomeadamente a acelga, coentros, fava, grelos, nabiça, nabo e rabanete.

O cenário das frutas, por outro lado, foi descrito como estando «longe do ideal». Entre as 13 frutas alvo dos 45 inquéritos, só os morangos e amoras têm origem totalmente portuguesa. Pela negativa, a Zero destaca os casos do limão (24%) e da uva (23%) que considera não serem facilmente explicados, já que «as principais origens destes produtos são países próximos com climas similares, como Espanha e Marrocos».

No mesmo sentido, as produções insulares de ananás, nos Açores, e de banana, na Madeira, não são beneficiadas pela distribuição nacional, com os números a rondar os 25% e os 27% respetivamente.

Perante este cenário, a Zero relembra que «a produção de alimentos é o setor económico que mais contribui para as alterações climáticas», representando quase 30% das emissões de gases causadores dos efeitos de estufa, e aconselha a tomada de medidas que invertam o panorama atual.