De acordo com a Lusa, várias associações representantes do setor da pecuária uniram-se num ato de repúdio contra o novo despacho que regula a alimentação nas escolas.
As associações rejeitam o rótulo de que os produtos alimentares, como chouriços, salsichas ou hambúrgueres, “prejudiciais à saúde” das crianças e dos jovens.
No documento divulgado à agência de notícias, com o título – «Por uma alimentação consciente em Portugal» -, os representantes do setor da pecuária “repudiam e condenam” o despacho do Governo, publicado em agosto, que excluiu alguns produtos de charcutaria ou hambúrgueres a partir do próximo ano letivo.
De acordo com o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, estas restrições têm como objetivo reduzir o consumo de sal e açúcar nas faixas etárias mais jovens.
“Consideramos um despacho empírico, tendencioso, e com informação contestável, não suportada em quaisquer estudos científicos e nem fundamentada na legislação em vigor nacional e comunitária”, lê-se na nota do setor da pecuária, citada pela Lusa.
O manifesto do setor da pecuária recorda a fiscalização e os critérios de higiene a que as empresas estão sujeitas, pelo que não poupa críticas à atuação do secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, que assinou o despacho.
Além disso, João Costa também é acusado de ignorar essas exigências e de afirmar, “de forma perentória”, que estes alimentos representam um perigo para a saúde sem apresentar bases científicas sólidas.
“Não vivemos uma ditadura alimentar, os cidadãos devem ser adequadamente informados, para que possam fazer uma escolha livre e consciente no que respeita às suas opções alimentares. Não se trata de proibir, mas sim de providenciar as ferramentas fundamentais para permitir as melhores opções para cada caso individual”, lê-se no documento, citado pela agência de notícias.
Entre os signatários do manifesto, figuram: a Federação Nacional das Cooperativas de Produtos Pecuários (Fenapecuária), a Federação Portuguesa das Associações Avícolas (Fepasa) ou a Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS).
Todas as associações envolvidas exigem que os estudantes sejam informados e capacitados para poderem fazer “escolhas livres” relativamente à sua alimentação.
Por último, o setor da pecuária pede ainda um esclarecimento sobre a “riqueza nutricional da carne” em comparação com outros “nutricionalmente desvantajosos” que favorecem a obesidade.