Saúde de mulheres portuguesas é mais afectada pela insegurança alimentar 1230

De acordo com o divulgado no portal do ISAMB – Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina de Lisboa, uma investigação interna realizada indica que a saúde de mulheres portuguesas é mais afectada pela insegurança alimentar.

Esta investigação liderada por Violeta Alarcão, publicada na revista científica Food Security, procurou descrever e comparar a prevalência da insegurança alimentar entre populações portuguesa e de imigrantes, no nosso país.

Segundo este estudo, a prevalência de insegurança alimentar apesar de baixa na população portuguesa (10,1%) e na população de imigrantes (10,7%), mostra que as mulheres portuguesas com idade superior a 50 anos e não casadas são o grupo mais vulnerável.

Os resultados mostram também que não existem diferenças significativas entre a população portuguesa e a população de imigrantes, contudo a associação entre insegurança alimentar e o estado civil apresentam uma interacção significativa no caso da população portuguesa, em particular nas mulheres não casadas, cuja probabilidade de não terem capacidade de aceder a alimentos suficientes e/ou de qualidade nutricional aumenta em 56%.

Já na população de imigrantes, “esta interacção funciona como um factor protector, diminuindo em 72% a probabilidade de insegurança alimentar”.

“Em ambas as populações verificou-se que baixos rendimentos familiares e baixo nível de escolaridade constituem os principais factores associados à insegurança alimentar”, indica o estudo.

No que respeita ao impacto na saúde, o estudo revela “uma associação entre insegurança alimentar, auto-percepção do estado de saúde e doenças auto-relatadas. Isto é, o grupo de pessoas com um maior nível de insegurança alimentar é também aquele que relata ter mais doenças e uma pior percepção da sua própria condição de saúde”.

Aliás, “a prevalência de doenças do coração, doenças gastrointestinais e depressão é superior na população portuguesa com maior insegurança alimentar do que na população de imigrantes. No caso desta, apenas as doenças gastrointestinais surgem associadas, de um modo significativo, à insegurança alimentar”, explica.

Em formato de conclusão, esta investigação sugere que há a “necessidade de se efectuarem mais estudos, assim como a necessidade de se desenvolverem políticas inter-sectoriais que tenham em conta os determinantes socioeconómicos de insegurança alimentar, de modo a reduzir as desigualdades sociais, com especial foco na população de mulheres portuguesas com mais de 50 anos de idade e não casadas”.