Restaurantes combatem desperdício alimentar através de projeto voluntário 799

29 de Fevereiro de 2016

Cerca de 30 estabelecimentos de restauração e cantinas querem combater o desperdício alimentar e por isso já aderiram ao projeto Dose Certa, uma iniciativa promovida pela Lipor – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, que conta com o apoio da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN).

Esta iniciativa surgiu em 2008 e segundo Susana Freitas, gestora da divisão de valorização orgânica, divide-se em dois grandes objetivos: «Por um lado quantificar e reduzir o desperdício alimentar na área da restauração e, por outro lado, incentivar a população portuguesa a ter uma alimentação mais equilibrada».
 
A ideia é ser um projeto voluntário, mas a maioria dos participantes são contactados pelas duas instituições: «As candidaturas não foram aquelas que gostaríamos que fossem. Tivemos dois atos voluntários até à data, outros [estabelecimentos] contactamos diretamente e mostraram-se logo recetivos ao projeto. Até agora nunca tivemos um não», acrescentou Susana Freitas, citada pelo “P3”.

Em termos práticos, depois da adesão dos participantes, o processo inicia-se com a tomada de consciência de cada restaurante acerca do desperdício que tem: pesam os restos do stock, confecionam os alimentos e empratam durante uma semana, de modo a obter-se uma caracterização inicial.

«Há sítios que já têm noção que ao fim do dia colocam muitos alimentos fora e há outros casos que ainda não têm essa noção. A primeira etapa é consciencializar, colocar os restaurantes a pesarem os alimentos que desperdiçam. Fazê-los contabilizar é uma forma de os consciencializar», explica Delphine Dias, nutricionista e assessora técnica da direção da APN.
 
Posteriormente, procede-se à formação dos voluntários, relativamente a práticas ambientais e nutricionais, na qual as ementas são adaptadas à realidade dos estabelecimentos. O objetivo é evitar o desperdício alimentar e trazer vantagens a nível económico, ambiental e nutricional.

«Consoantes as falhas daquela unidade, educamos os cozinheiros, damos técnicas e formas para diminuírem os desperdícios na preparação. Se for na questão da quantidade servida no prato, consciencializa-los de que estão a servir muito acima das necessidades de um adulto normal», remata Delphine Dias.

Os estabelecimentos apenas se tornam participantes da iniciativa Dose Certa, se cumprir as propostas apresentadas pela APN e passado um mês após o início do processo tiver implementado as práticas transmitidas durante o período de formação.