17 de janeiro de 2019 Sustentar 10 mil milhões de pessoas no planeta em 2050 só será possível com a alteração da dieta para um modelo mais sustentável que implica a redução para metade do consumo de carne vermelha e açucares, e a duplicação de frutos secos, legumes e fruta.
A conclusão referida pela Agência “Lusa”, faz parte de um relatório de uma comissão de especialistas da revista científica “Lancet”, que revela que o planeta não terá capacidade de se sustentar sem uma alteração dos hábitos alimentares, melhoria na produção e redução do desperdício, que defendem ser «urgentemente necessária». A Comissão EAT, da “Lancet”, é um projeto a três anos que reúne 37 especialistas de 16 países das áreas da saúde, nutrição, sustentabilidade ambiental, economia e governança política.
No relatório consta que o desenvolvimento na produção alimentar nos últimos 50 anos contribuiu para o aumento da esperança de vida e redução da fome, mortalidade infantil e pobreza global, mas destacam que esses benefícios estão agora a desviar-se para dietas pouco saudáveis e estão a consumir ao limite os recursos do planeta: «As dietas atuais estão a levar a Terra além dos seus limites ao mesmo tempo que causam problemas de saúde. Tal coloca ambos, pessoas e planeta, em risco», citação do documento. Tim Lang, da Universidade de Londres e um dos membros da comissão, expõe que «os alimentos que comemos e a forma como os produzimos determinam a saúde das pessoas e do planeta, e atualmente estamos a fazer isto de forma muito errada».
Segundo os especialistas, uma dieta-padrão saudável e sustentável para o planeta consistirá em cerca de 35% das calorias provenientes de grãos integrais e tubérculos, em obter das plantas maior quantidade de proteína, incluindo apenas 14 gramas de carne vermelha por dia, e no consumo de 500 gramas de vegetais e frutas diárias. Assim, reduz-se em 50% o consumo de carne, aumentando na mesma proporção o de de frutos secos, verduras, legumes e fruta. No modelo aconselhado aumenta-se ainda o consumo de ácidos polinsaturados saudáveis e limita-se o consumo de gorduras saturadas, incrementando a ingestão de micronutrientes essenciais como o ferro, o zinco. Adiantam desde já que a carência de vitamina B12 poderá ter de ser compensada.
Nos dados projetados pelo estudo, prevê-se que esta mudança vá evitar a morte prematura de 11 milhões de pessoas em cada ano e que esta dieta garantirá um sistema alimentar mundial que não colocará em causa os limites do planeta. Propõem-se medidas na ordem de políticas de preços, proteção social e redução do desperdício alimentar.
O relatório avança que, por exemplo na América do Norte, comem-se quase 6,5 vezes mais carne do que o recomendado, enquanto a Ásia consome metade do que o suposto. Em geral consome-se mais vegetais ricos em amido do que o recomendado, como na África subsaariana, 7,5 vezes mais. |