Relatório defende mais incentivos à transição para alimentação de base vegetal: Vivemos em “défice ecológico” 1427

O consumo alimentar, por si só, em Portugal, representa 32% da pegada ecológica nacional, mostra um relatório divulgado esta quarta-feira, 27 de julho, defendendo mais incentivos à transição alimentar de base vegetal.

No dia em que se assinala o Dia da Sobrecarga da Terra, nesta quinta-feira, dia 28 de julho, “esgotámos todos os recursos naturais que o nosso planeta consegue regenerar num ano, o que significa que passamos a viver em défice ecológico”, alerta a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, parceira na elaboração do relatório da Associação Vegetariana Portuguesa (AVP). Também o projeto LeguCon e o laboratório Food4Sustainability fazem parte da iniciativa que criou um novo projeto: o Proteína Verde.

O relatório “demonstra que a produção intensiva de proteínas animais tem um peso significativo na pegada ecológica. A iniciativa visa promover a transição gradual para uma agricultura e sistema alimentar baseado predominantemente na proteína vegetal, contribuindo para a redução da pegada ecológica dos portugueses e a mitigação dos impactos das alterações climáticas”, explica a ZERO.

“Todas as cadeias de produção alimentar implicam custos externos”, defende Joana Oliveira, da AVP

1 kg de bife de vaca igual a “emissão de cerca de 80kg de CO2eq”

“As alterações climáticas e a sustentabilidade dos ecossistemas e da economia, face a um sistema planetário com claros limites físicos e biológicos, representam o problema mais grave e mais premente que se colocou à espécie humana nos últimos três quartos de século”, denota Pedro Ribeiro, da AVP, que integra a equipa por detrás do projeto. O relatório Proteína Verde: Plantar a Alimentação do Futuro conclui que “apesar do total dos setores associados à produção animal para consumo humano ocuparem cerca de 83% da superfície agrícola do planeta, apenas contribuem para suprir 18% das necessidades calóricas da população”.

“Todas as cadeias de produção alimentar implicam custos externos, tanto ao nível das alterações climáticas, como do agravamento da seca, contaminação da água, perda de habitats e extinção de espécies, mas a forma como produzimos atualmente alimento acarreta ainda mais custos do que aqueles que poderíamos ter, ou seja, é altamente ineficiente”, defende Joana Oliveira, da AVP e parte da equipa responsável pelo projeto.

A título de exemplo, “1 kg de bife de vaca, produzida em Portugal, em modo intensivo, contribui com uma emissão de cerca de 80 kg de CO2eq (equivalentes de CO2), o que pode ser equiparável a uma viagem de 230 km de carro. Comparativamente, a produção de 1 kg de feijão gera apenas 1 kg de CO2eq, ou seja, o bife de vaca contribui 80 vezes mais para a emissão de gases com efeito de estufa”, continua a ZERO em comunicado.

O consumo alimentar em Portugal representa 32% da pegada ecológica nacional

Segundo este relatório do projeto Proteína Verde, “existem vantagens claras para a saúde dos portugueses se a sua principal fonte proteica for de base vegetal, elencando-se dados de especialistas que defendem uma alimentação centrada em alimentos de origem vegetal, em linha com a transição para um cenário focado em proteína vegetal e num regresso às origens da alimentação mediterrânica”.

Consulte o relatório aqui.