Segundo um estudo publicado na revista WHO Bulletin, a reformulação dos teores de sal, açúcar e ácidos gordos trans dos produtos alimentares em Portugal, poderá salvar 798 vidas num ano, das quais 248 são relativas à redução da mortalidade precoce. Só 610 pessoas se podem salvar pela redução do consumo de sal.
Esta análise apresenta uma pré-avaliação do impacto da reformulação dos produtos alimentares na redução da mortalidade e mortalidade precoce associada às doenças crónicas na população portuguesa.
Este estudo teve o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) e contou com a parceria do Ministério da Saúde/Direção-Geral da Saúde (DGS), do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, do Imperial College e do Institute of Global Health Innovation.
Os resultados apresentados tiveram por base as metas de redução dos nutrientes de risco que foram inicialmente propostas pela equipa técnica da Direção-Geral da Saúde. Estas metas foram acordadas entre a DGS, a Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA) e a Associação Portuguesa de Empresas da Distribuição (APED). Neste acordo foi considerado que o processo de reformulação dos produtos alimentares, nomeadamente com vista à redução dos teores de sal e de açúcar, não deveria comprometer o perfil nutricional global dos mesmos. Foi necessário definir uma redução gradual para conseguir a adaptação por parte do consumidor a produtos com uma menor quantidade de sal e açúcar.
Tendo em conta o impacto que a redução do teor de sal teve no número de vidas salvas, reforça-se a necessidade de desenvolver estratégias na área da promoção da alimentação saudável, que incentivem a redução do consumo de sal na população.
Estes resultados não são suficientes para que Portugal atinga o ideal definido no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas de reduzir a mortalidade precoce associadas às doenças crónicas em 1/3 até 2030, mas permite que se aproxime desses valores com maior rapidez.
A saúde dos portugueses beneficiará com a implementação de um conjunto de medidas que Portugal está a implementar nesta área, como a taxação das bebidas açucaradas, a restrição à publicidade alimentar dirigida a crianças e as iniciativas que procuram aumentar a literacia alimentar da população.