Quase metade do sal consumido por adolescentes vem do grupo dos cereais 713

20 de Abril de 2016

Quase metade do sal consumido pelos adolescentes vem do grupo alimentar dos cereais e derivados, onde se inclui o pão, segundo uma investigação feita no Porto e em Braga.

Investigadores da Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade de Porto analisaram, durante 2015, o teor de sódio na urina de adolescentes e inquiriram-nos sobre os consumos alimentares das últimas 24 horas.

Concluíram que 41% do sal consumido vinha do grupo alimentar dos cereais, onde o pão «continua a ser um forte contribuidor», como disse à agência “Lusa” a investigadora Carla Gonçalves.

Algumas destas conclusões vão ser transmitidas pela equipa portuguesa na reunião que decorre hoje e amanhã, em Lisboa, do grupo para a redução do consumo de sal da Região Europeia da Organização Mundial da Saúde.

O estudo sobre o consumo de sal em adolescentes colocou em segundo lugar os produtos de carne e derivados, contribuindo em 16% para o total de sal ingerido. Seguia-se o leite e derivados (11%) e os molhos e sopas (também com 11%).

No caso da sopa, Carla Gonçalves lembra que se trata de um prato muito rico em termos nutricionais que acaba por ficar prejudicado pelo excesso de sal que lhe é adicionado.

De acordo com dados apresentados há um mês pela Direção-Geral da Saúde (DGS), mais de 70% das crianças portuguesas, de oito e nove anos, e mais de 80% dos adolescentes, dos 13 aos 17 anos, consomem sal acima dos valores recomendados.

O relatório “Portugal – Alimentação Saudável em Números 2015” mostra que, na faixa etária dos sete aos oito anos, 74% dos meninos e 70% das meninas têm um consumo de sal inadequado. Dos 13 aos 17 anos, o nível de consumo excessivo de sal aumenta para 84%, nos rapazes, e para 72%, nas raparigas.

«O consumo de sal é uma guerra que temos de continuar a travar», considera Pedro Graça, coordenador do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável.

Segundo o especialista, a reunião de trabalho, à porta fechada, que hoje começa em Lisboa, serve essencialmente para cerca de 20 países europeus exporem o que têm feito para reduzir o consumo de sal pelas populações.

As estratégias de redução do consumo de sal na região europeia têm sido dirigidas para a educação da população e pela tentativa de reformulação da oferta alimentar, trabalhando em pareceria com a indústria.

Em Portugal, a DGS está a trabalhar com a indústria e com a restauração de forma a reduzir 4% ao ano o sal que é oferecido nos produtos alimentares.