Quase 90% da população usa a Internet para pesquisar sobre saúde 1245


08 de maio de 2017

Perto de 90% dos inquiridos num estudo sobre literacia digital em saúde dizem utilizar com frequência a Internet para procurar informação sobre saúde, mas apenas 20% consideram credível essa informação.

O inquérito, que envolveu 3.500 utentes do Serviço Nacional da Saúde, foi desenvolvido pela “Comissão de Tecnologias de Informação em Saúde” do “Parlamento da Saúde”, composto por 60 pessoas, entre os 21 e os 40 anos, de origens geográficas e percursos curriculares variados, que tem como objetivo refletir sobre o futuro da saúde em Portugal e produzir recomendações.

Em declarações à agência “Lusa”, a presidente da comissão e médica, Sofia Couto da Rocha, adiantou que o estudo visou «perceber como os doentes percecionam a literacia digital em saúde» e avaliar o seu grau de literacia neste domínio.

Os resultados do inquérito, que foi distribuído informaticamente e em papel em vários hospitais e continua disponível até 30 de junho, revelam que a realidade portuguesa nesta matéria vai ao encontro da europeia.

«O público tem a noção que procura imenso na internet», disse a médica, adiantando que 88% dos inquiridos a utilizam para procurar informação.

Outros dados do estudo apontam que 60% procuram os sintomas da doença e o seu significado na internet, 46% usam as redes sociais para pesquisar informação sobre saúde e 23% só as usa ocasionalmente.

Apenas 20% acham a informação sobre saúde na Internet credível e, destes, só 6% avaliam-na como tão credível como a de um médico ou outro profissional de saúde, e 41,3% consideram-na ocasionalmente.

Já metade dos participantes acha que «nem sempre a informação transmitida pelos médicos é percetível e esclarecedora».

Há também muita pesquisa sobre tratamentos disponíveis (47%), informação sobre médicos e hospitais (43%) e prevenção de doenças (41%).

Três em cada dez inquiridos dizem não tem por hábito verificar a qualidade dos sites que consulta e 29% só o faz ocasionalmente.

Sofia Couto da Rocha salienta que «a credibilidade e a quantidade excessiva de informação» foram os principais problemas apontados por 78% e 38% dos participantes, respetivamente.

Para a médica, estes resultados «são interessantes», porque um dos problemas identificados na comissão foi as fontes de informação.

«Há uma diversidade imensa de fontes de informação em saúde na internet, o famoso “Dr. Google, mas a verdade é que não há uma metodologia de certificação dessas fontes», observou Sofia Couto da Rocha.

Traçando o perfil dos participantes, o estudo refere que 64,5% são mulheres, entre 30 e 60 anos, 80% tem estudos superiores e 94% usa a internet regularmente.

Os resultados do inquérito vão ser apresentados no sábado no plenário do Health Parliament, na Fundação Calouste Gulbenkian, onde a comissão vai apresentar algumas recomendações, como criar «uma metodologia de certificação» da informação na internet, como um selo de validade ou qualidade.

«Somente um terço dos inquiridos disse não conhecer o portal do SNS, o que não significa que o utilizem na sua globalidade», disse a médica, defendendo que devia centralizar-se «a informação que possa provir do Serviço Nacional da Saúde».