Anthony Fardet, engenheiro agro-alimentar e investigador francês, doutorado em nutrição humana, concedeu uma entrevista à revista “Saber Viver”, na qual fala sobre os perigos escondidos nos alimentos que ingerimos diariamente.
De acordo com um estudo publicado no “British Medical Journal”, ao comparar o risco de cancro e alimentação, os investigadores identificaram uma relação entre a ingestão regular de alimentos ultraprocessados e um aumento de risco de cancro de até 12%.
Anthony Fardet, autor do livro “Acabe com os alimentos ultraprocessados – Coma verdadeiro”, a prevenção das doenças crónicas atuais não está nos nutrientes mas, sim, nos alimentos autênticos, e aponta o dedo à fake food: “Muitos produtos ultraprocessados são vendidos com mensagens de marketing que referem que integram cereais integrais ou que são enriquecidos em ómega-3 que nos levam a crer que são bons para a saúde.”
Além disso, conforme destaca o especialista, “a visão dualista dos alimentos resulta de uma abordagem reducionista que considera os alimentos como uma mera soma de nutrientes. É preciso ver que comemos alimentos e não nutrientes. O todo é superior à soma das partes. A única perspetiva válida é a intervenção a dois níveis, a quantidade consumida e o grau de transformação”.No fim, alerta: “Há que interiorizar uma coisa… Qualquer alimento, seja de origem vegetal ou animal, ingerido em excesso e ultraprocessado, torna-se nocivo para a saúde”.