A promoção da saúde e prevenção da doença é algo sem dúvida imperioso em qualquer país.
Os dados mais recentes dizem-nos que, em Portugal, mais de 70% das mortes foram devidas a doenças do aparelho circulatório (31%), a tumores malignos (25%), a doenças do aparelho respiratório (12%), e a doenças endócrinas (como a diabetes), nutricionais e metabólicas (5%), sendo que os fatores de risco, modificáveis, que contribuem para o total de anos de vida saudável perdidos pela população portuguesa são os hábitos alimentares inadequados (15,8%), a hipertensão arterial (13,0%), o fumo de tabaco (12,2%), o índice de massa corporal elevado (11,5%), a glicose plasmática em jejum aumentada (10,2%), o consumo de álcool e drogas (8,7%), o colesterol total elevado (5,5%), o nível de atividade física baixo (3,8%), entre outros.
Dando enfâse a alguns parâmetros supracitados, nomeadamente a diabetes, salienta-se que Portugal é um dos países da União Europeia com maior taxa de prevalência. Particularmente, na RAM, 13% da população apresenta diabetes, o que corresponde a cerca de 25 mil utentes. Paralelamente, a toma de fármacos (insulina e antidiabéticos) está a aumentar, o que se reflete numa maior despesa para o Serviço Nacional de Saúde. De referir que a diabetes, principalmente a DMT2, pode ser perfeitamente prevenida e colmatada com a adoção de estilos de vida saudáveis.
O relatório da OCDE sobre Saúde indicou Portugal como o País da Europa com a mais alta taxa de prevalência da doença. O seu tratamento representa cerca de 10% da despesa em saúde, o que corresponde a cerca de 1% do PIB Nacional.
Adicionalmente, os hábitos alimentares desadequados, nos quais se incluem o excesso de consumo de sal e carne processada, a insuficiente ingestão de fruta e de vegetais, de cereais integrais, de frutos secos e sementes, de ácidos gordos ómega 3 (provenientes do pescado) e de fibras, contribuem, de forma evitável, para a perda de anos de vida saudável, especialmente o elevado consumo de sal.
Por último, destaca-se que a inatividade física é um fator de risco importante para as principais doenças não-transmissíveis, e está, por essa via, associada à morte prematura de cerca de 5,3 milhões de pessoas anualmente, em todo o mundo. Assim é de reforçar a necessidade urgente de criar estratégias integradas para a redução dos comportamentos sedentários e para o aumento dos níveis de atividade física na população.
Portanto, vivemos numa era em que as doenças crónicas não transmissíveis encontram-se em grandes proporções. Vivemos numa era em que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no nosso país. Vivemos numa era em que os custos de saúde são exacerbados. Temos de agir.
A grande questão que se coloca é: “Como maximizar a saúde?”. Primeiramente, temos de perceber a causa para tantos comportamentos prejudiciais para a saúde e tomar medidas. Estudos indicam que o baixo nível de escolaridade e a ausência de atividade podem estar fortemente associados a hábitos alimentares incorretos. Além disso, verifica-se ainda que a baixa literacia, principalmente em saúde, acoplados a ambientes “obesogénicos” levam a comportamentos não salutogénicos. Assim, o aumento de campanhas em saúde, incentivos, políticas nutricionais (oferta e disponibilidade alimentar) de forma intersetorial, a criação de ambientes promotores de saúde e bem-estar e o aumento de profissionais de saúde que atuam na prevenção, principalmente nos cuidados de saúde primários, tornam-se muito importantes para haver, efetivamente, um ensinamento e acompanhamento da população, a fim de esta poder fazer escolhas acertadas, conscientes e responsáveis. Tais medidas irão se repercutir na diminuição da mortalidade e morbilidade precoce, tornando assim a população mais ativa e consequentemente tornar o país mais ativo, saudável e, portanto, mais produtivo.
De relembrar, por fim, que, de acordo com a Lei Constitucional, “todos têm direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover”.
Joana Abreu