Programa Alimentar Mundial suspende deslocações em Gaza após viatura atingida a tiro 988

O Programa Alimentar Mundial (PAM) anunciou hoje a suspensão da circulação do seu pessoal na Faixa de Gaza, após um dos seus veículos ter sido atingido a tiro pelo menos dez vezes junto de um posto de controlo israelita.

A suspensão das viagens vigorará “até novo aviso”, refere o PAM numa nota hoje divulgada.

O incidente ocorreu na noite de terça-feira, quando a caravana que transportava alimentos regressava à passagem de Kerem Shalom, escoltada por dois veículos blindados do PAM.

Apesar de estar “claramente identificado” e de ter recebido a aprovação das autoridades israelitas, um desses carros foi atacado a partir do posto de controlo israelita, embora nenhum dos seus ocupantes tenha ficado ferido.

O PAM especifica que não foi o primeiro incidente com militares israelitas, mas tratou-se da primeira vez que um carro foi atacado diretamente perto de um posto de controlo.

Trata-se, de acordo com a agência da ONU, de “um forte lembrete” de que a violência “compromete a capacidade de prestar cuidados que salvam vidas”, num contexto de acesso cada vez mais restrito e de riscos mais elevados na Faixa de Gaza.

“É totalmente inaceitável”, comentou a diretora-executiva do PAM, Cindy McCain, “e é o enésimo de uma série de incidentes de segurança que põem em perigo” a vida do pessoal da agência no território, palco de um conflito entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas há mais de dez meses.

McCain concluiu que o atual sistema de mitigação de conflitos (medidas para assegurar o trabalho humanitário) não funciona, apelando às “autoridades israelitas e a todas as partes” para garantirem a segurança de todos os trabalhadores humanitários.

O atual conflito foi desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro, deixando cerca de 1.200 mortos e levando acima de 200 pessoas como reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.