Profissionais de saúde “trabalharão lado a lado com assistentes dotados de IA” 1178

A saúde digital é (cada vez mais) uma realidade. Neste universo, o médico Henrique Martins, presidente do Conselho de Administração da SPMS — Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, apresentou, durante o Congresso de Nutrição e Alimentação da Associação Portuguesa de Nutrição, os conceitos de sistemas, doentes e profissionais digitais, nomeadamente dos profissionais (e organizações) KIWIs.

Se temos sistemas de saúde digitais, também passamos a ter doentes digitais que, segundo Henrique Martins, “são aqueles que ficarão progressivamente ligados, por vezes para toda a vida (por exemplo, recorrendo a implantes de elétrodos cerebrais) a tecnologias digitais, ou que as usarão tão perto do coração e da pele que se sentirão intimamente ligadas a elas”.

E quem são estes doentes? No fundo, “os pacientes digitais somos nós, à medida que medimos cada vez mais a nossa saúde, o nosso bem-estar e, agora com as aplicações de rastreio, a saúde dos outros nos nossos espaços físicos de proximidade”. Deste modo, ainda de acordo com o coordenador do Programas na área da Saúde da Católica-Lisbon, “é provável que a zona Bluetooth em torno dos nossos telemóveis se torne a nossa nova pele digital”.

No entanto, os doentes digitais são ainda “os seres humanos que sofrem daquilo” a que chama, “enquanto médico internista, uma nova categoria de doenças sistémicas — a doença digital”.

Profissionais digitais

Está, igualmente, a haver a transformação digital da educação médica (saúde) e da gestão da saúde, garantiu Henrique Martins. E, por isso, estamos a assistir ao surgimento de profissionais digitais. Estes profissionais, segundo o especialista, “trabalharão lado a lado com assistentes dotados de Inteligência Artificial (IA), treinarão cada vez mais em ambientes simulados e in-silico e misturar-se-ão com diferentes ‘tribos’ profissionais”.

Por outras palavras, os profissionais e as organizações “terão de ser KIWIs: knowledgeable (conhecedores), intelligent (inteligentes), wise (sensatos) e interoperable (interoperáveis)”, assegurou Henrique Martins.

No respeitante ao knowledgeable, o médico indicou que os profissionais e as organizações KIWIs exploram os mais elevados graus da ciência (tecnologia, ‘ómicas’) e “os conhecimentos práticos continuarão a ser necessários”. Já no que toca ao intelligent, em causa está, por exemplo, “a utilização da IA em procedimentos de medicina básica (robô DaVinci, imagiologia, genética)”, assim como uma gestão hospitalar inteligente.

Quanto ao wise, “a confiança e a ética digital são competências essenciais” e, por fim, no relativo ao interoperable, fala-se em “interoperabilidade das tecnologias de informação, da utilização de normas e de espaços de grandes dados e ainda de equipas interprofissionais e de centros de competência virtuais interorganizacionais, como organizações virtuais totais”, concluiu o médico.

“Todos podem ser criadores de cuidados de saúde” é um dos artigos de cobertura da próxima edição da revista VIVER SAUDÁVEL, afeta aos meses de julho e agosto, a ser disponibilizada brevemente. Conheça mais especificidades a ter em conta pelo nutricionista nesta temática na sua revista profissional.