A produção global de alimentos e bebidas deverá crescer 3,2% este ano, face a 2023, podendo abrandar devido aos riscos geopolíticos e climáticos significativos, revela um relatório da Crédito y Caución, divulgado esta quinta-feira.
O último relatório elaborado pela Crédito y Caución refere que a maioria dos indicadores sugere que a desinflação nos próximos meses se traduzirá numa descida dos preços mundiais dos alimentos, embora se mantenham acima do nível de 2019.
O crescimento da indústria, no entanto, pode abrandar, especialmente nos segmentos e geografias mais expostos, influenciado por fenómenos como o El Niño, que normalmente dura cerca de um ano e causa clima quente e seco na Ásia e na Austrália e chuvas mais fortes do que o normal nos Estados Unidos e na América do Sul.
“Nestas regiões, más colheitas ou interrupções no abastecimento podem pressionar os preços”, lê-se no relatório, citado pela Lusa.
Já na União Europeia a evolução do setor será condicionada pelo “previsível abrandamento geral do aumento de preços, pela subida dos salários, pela solidez do mercado de trabalho e pela descida das taxas de juro”.
Além disso, o setor enfrenta também mudanças significativas nos hábitos de consumo, que incluem a redução das refeições fora de casa, maior sensibilidade aos preços, a primazia das marcas próprias em detrimento de outras de maior qualidade e mudanças na dieta como a substituição da carne vermelha por ovos ou o maior destaque dos vegetais.
O estudo identifica como fatores que podem levar a perturbações nos preços da energia e dos alimentos, o desenvolvimento da guerra na Ucrânia, o conflito entre Israel e o grupo palestiniano Hamas e os ataques dos hutis do Iemén a porta-contentores no corredor do Mar Vermelho.
A Crédito y Caución dá nota de que muitos produtores e transformadores de alimentos estão a contrair empréstimos para financiar as suas necessidades de tesouraria.
Se as grandes empresas têm “acesso mais fácil ao crédito”, isto “não acontece com as pequenas e médias empresas (PME)”, que enfrentam situações financeiras “mais frágeis” e um “maior risco de incumprimento”, conclui o estudo.