Por Luísa Dias (Presidente da Direção), João Sebastião (Vice-Presidente Interno da Direção) e Carolina Clemente (Vice-Presidente Externa da Direção), da Associação Nacional de Estudantes de Nutrição (ANEN).
Ao iniciarmos um novo ano, somos tomados por um misto de sentimentos: a esperança de um futuro promissor e a reflexão sobre os próximos desafios que enfrentamos.
A cada ano que passa, assistimos a um rápido crescimento na inovação tecnológica, que tem vindo a impactar profundamente todos os setores, incluindo o da área da Saúde e da Nutrição. Presenciamos uma grande evolução na utilização da inteligência artificial e avanços significativos na forma como utilizamos as novas tecnologias para monitorizar e potenciar a saúde, para promover a literacia alimentar, para desenvolver estratégias de marketing cada vez mais apelativas, entre outros. Esta evolução constante está diretamente relacionada com todas as áreas de atuação do Nutricionista, o que torna o mercado de trabalho cada vez mais dinâmico e desafiante para os futuros profissionais, exigindo mais criatividade, competências digitais e uma capacidade contínua de adaptação e aprendizagem.
Face à evolução constante das tecnologias e das ciências da vida e da saúde, é necessário reajustar alguns métodos de ensino e a forma como se olha para a sala de aula, com vista a promover uma formação ainda mais adaptada ao mercado de trabalho atual.
Quando vemos a realidade de algumas unidades curriculares das Licenciaturas em Ciências da Nutrição e em Dietética e Nutrição, há um caminho e um esforço que têm sido feitos, mas ainda há muito a percorrer. Com base em auscultações realizadas aos estudantes de Nutrição de diferentes Instituições de Ensino Superior, constatamos que ainda é recorrente um método de ensino muito teórico e expositivo e grande parte da ponderação da avaliação cinge-se ao desempenho num exame final. Este sistema tende a focar-se na memorização e repetição de conteúdos, em vez de incentivar o pensamento crítico e a aplicação prática do conhecimento. Os estudantes podem estar aptos a memorizar informações para o exame, mas isso não garante que compreendam ou saibam aplicar o conhecimento adquirido.
Apesar da existência de boas práticas em várias instituições de ensino, os estudantes sentem que continua a ser de extrema relevância implementar metodologias de ensino que estimulem a criatividade, o pensamento crítico e a capacidade para resolução de problemas, contribuindo para a formação de profissionais ainda mais qualificados. Para alcançar este objetivo, é fundamental aumentar os momentos de contato direto com a prática profissional, reforçar uma comunicação bidirecional no decorrer das aulas, de modo a tornar os alunos parte integrante e ativa na discussão dos conteúdos lecionados, incentivando ao debate de diferentes pontos de vista.
Outro aspeto referido é a importância da adoção de métodos de avaliação que promovam uma aprendizagem mais consistente e integrada. Métodos contínuos de avaliação, como frequências e trabalhos de grupo, permitem uma avaliação mais abrangente e constante do progresso dos estudantes. Além disso, a introdução de métodos de avaliação contínua pode aliviar a pressão sobre os estudantes durante a época de exames, distribuindo a carga de trabalho ao longo do ano e permitindo que consolidem o conhecimento de forma mais gradual.
Assim, reforçamos a importância de uma educação holística, contínua e de métodos de avaliação que reflitam a realidade profissional, promovendo não apenas o conhecimento teórico, mas também competências práticas e a capacidade de adaptação a mudanças constantes. Ao abraçarmos a inovação, podemos também contribuir de forma significativa para a eficácia da transmissão de conhecimento e para a formação de futuros Nutricionistas mais preparados para atender às exigências da profissão.