Prémio Maria de Sousa distingue investigação sobre doença intestinal 227

O Prémio Maria de Sousa 2024 distingue cinco cientistas por investigação em genética, neurologia, envelhecimento, metabolismo e doença inflamatória intestinal, anunciaram hoje em comunicado a Fundação Bial e a Ordem dos Médicos, entidades promotoras.

Maria Arez (Instituto de Bioengenharia e Biociências do Instituto Superior Técnico), Pedro Nascimento Alves (Centro de Estudos Egas Moniz da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa), Ana Rita Araújo e Joana Gaifem (Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto) e Samuel Gonçalves (Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde da Escola de Medicina da Universidade do Minho) são os premiados.

Cada um vai receber até 30 mil euros e fazer um estágio num centro de investigação internacional considerado de excelência.

O prémio, atribuído pela Fundação Bial, que financia, e pela Ordem dos Médicos, que designa os membros do júri a par da Bial, homenageia no seu nome a imunologista Maria de Sousa (1939-2020) e destina-se a apoiar jovens cientistas portugueses, até aos 35 anos, em projetos de investigação na área das ciências da saúde.

Maria Arez, do Instituto de Bioengenharia e Biociências, pretende “compreender as causas dos erros que ocorrem durante a criação das células estaminais pluripotentes induzidas”, células geradas em laboratório que têm a capacidade de se diferenciarem noutras células, cita a Lusa.

Ao compreender as causas desses erros, a investigadora propõe-se “desenvolver um método inovador para evitar esses defeitos, garantindo a integridade destas células” e, com isso, perspetivar novas possibilidades de tratamento para doenças como as cardiovasculares, neurodegenerativas, diabetes e cegueira.

O trabalho do neurologista Pedro Nascimento Alves, do Centro de Estudos Egas Moniz, foca-se no estudo do Acidente Vascular Cerebral (AVC) e vai testar se a administração de medicamentos “com potencial para reequilibrar” os circuitos neurotransmissores lesionados pelo AVC “melhora as sequelas cognitivas”, como alterações na fala, memória e concentração.

Ana Rita Araújo, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde – i3S, pretende perceber, usando células de pessoas de diferentes idades e ratinhos como modelo animal, “se as células que proliferam durante mais tempo ao longo da vida têm um papel protetor na manutenção da função dos diferentes tecidos e ajudam à desaceleração do envelhecimento”, associado ao aparecimento de doenças cardiovasculares, neurodegenerativas e inflamatórias.

Na experiência, a cientista usará ratinhos que foram manipulados geneticamente para conterem uma “molécula que prolonga a longevidade dos animais porque promove a divisão celular controlada e regulada”.

A bióloga Joana Gaifem, igualmente investigadora do i3S, quer com o seu projeto “contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias de prevenção da doença inflamatória intestinal”.

Analisando amostras de células intestinais de doentes e de pessoas saudáveis, bem como de ratinhos, a cientista irá “explorar se o perfil de açúcares presentes na mucosa intestinal” é “capaz de definir a composição da microbiota intestinal, e de que forma esta interação pode ditar um intestino saudável ou um ambiente inflamatório”.

Samuel Gonçalves, do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde, vai debruçar-se sobre a doença respiratória aspergilose pulmonar invasiva, causada pelo fungo ‘Aspergillus fumigatus’, presente no ar, inclusive dentro de casa, e que afeta pessoas com imunidade comprometida devido a um tumor ou um transplante, sendo de elevada taxa de mortalidade devido à dificuldade de diagnóstico e tratamento.

O investigador propõe-se estudar os mecanismos moleculares pelos quais a síntese do colesterol “contribui para as respostas imunitárias antifúngicas”.

A síntese do colesterol é uma das “vias metabólicas” que são ativadas pelas células do sistema imunitário para responder à aspergilose pulmonar invasiva.

O júri do Prémio Maria de Sousa 2024 foi novamente presidido pelo neurocientista Rui Costa.

O prémio será hoje entregue em Lisboa, numa sessão em que é esperada a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e do ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre.

O programa inclui uma conferência do neurocientista António Damásio sobre “fisiologia da mente”.

A Fundação Bial, criada em 1994 pela farmacêutica com o mesmo nome em parceria com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, tem como missão “incentivar o estudo científico do ser humano, tanto do ponto de vista físico como espiritual”.