7 de março de 2018 Em Portugal, a esperança de vida (81,3 anos) é superior à média da União Europeia (80,9 anos) e atinge valores semelhantes aos dos países mais ricos, no entanto em termos de anos de vida saudáveis aproximamo-nos mais dos países do Leste europeu. De acordo com os dados avançados pelo livro “Desigualdades Sociais, Portugal e a Europa”, apresentado ontem, a média nacional é de mais seis anos de boa saúde depois dos 65, enquanto a Suécia e a Dinamarca têm mais 12 (mulheres) e mais dez (homens). «Verifica-se que as desigualdades em saúde agravaram-se nos últimos anos em Portugal, independentemente do sexo e idade; têm sido sistematicamente superiores às observadas noutros países europeus; e tendem a ser mais pronunciadas junto dos que auferem menores rendimentos, que são mais idosos ou têm níveis de escolaridade mais baixos”, concluem Tiago Correia, Graça Carapinheiro e Hélder Raposo, sociólogos que desenvolveram o capítulo 2: “Desigualdades sociais na saúde, um olhar comparativo e compreensivo”. A esperança de vida à nascença e a mortalidade infantil são habitualmente os indicadores usados para analisar o estado da saúde num país e Portugal está bem situado. «São bons indicadores e o país melhorou bastante. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi uma boa política», ressalva Tiago Correia. «O problema é que internamente há muitas assimetrias. Se pegarmos em indicadores mais finos, mais sensíveis à qualidade de vida das pessoas, como o rendimento e a escolaridade, percebemos que têm impacto nos anos de vida saudável. Podemos estar a viver muito, até acima da média da Europa a 28, mas não estamos necessariamente a viver melhor». Depois dos 65 anos, o que normalmente coincide com «uma perda de rendimentos, de ocupação e de lugar na sociedade», estamos na média europeia (mais 21,9 anos para as mulheres e mais 18, 1 para os homens). Mas os portugueses têm maior probabilidade de sofrer de incapacidades e doenças mais prematuramente. Em média, vivem até aos 71 sem problemas de saúde, em contraste com a Suécia e a Dinamarca. «Não é só por ser população idosa… Têm tendencialmente baixa escolaridade e menores rendimentos. É o que chamamos efeitos cumulativos; menos rendimentos, pior saúde, pior saúde, menos rendimentos, é um ciclo vicioso, quase inquebrável», explica Tiago Correia ao “DN”. |