26 de abril de 2018 Mais de 60% dos inquiridos acredita que, sem o uso de produtos fitofarmacêuticos, mais de metade das culturas mundiais podem ser perdidas a cada ano. Quase dois terços dos portugueses preferem consumir somente alimentos biológicos, mas apenas um quinto diz saber que a agricultura biológica também utiliza produtos fitofarmacêuticos ou pesticidas, concluiu um estudo divulgado esta quinta-feira. Os resultados do estudo mostram que «65% dos participantes [num inquérito] preferem comer apenas alimentos biológicos», mas «só aproximadamente 19% que acreditam que a agricultura biológica utiliza os produtos fitofarmacênticos, conhecidos por pesticidas», disse à agência “Lusa” uma investigadora que participou no trabalho, Isabel Moreira. O estudo foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados da Católica-Lisbon, School of Business & Economics, em parceria com a Associação Nacional para a Indústria da Proteção das Plantas (ANIPLA) com o objetivo de saber mais sobre o conhecimento da população portuguesa relativamente à realidade da produção de alimentos. Foram focadas áreas como a relação entre os produtos fitofarmacêuticos e a produtividade agrícola, o impacto económico e a acessibilidade aos bens alimentares e a perceção face à produção e aos alimentos de agricultura biológica. Do total de 961 inquiridos, 61% respondeu que concorda totalmente ou tende a concordar que, para manter os alimentos acessíveis, os agricultores devem ser capazes de combater as infestantes, pragas e doenças com produtos fitofarmacêuticos. Uma das grandes conclusões do estudo, segundo destaca a investigadora Isabel Moreira, é que «85% dos inquiridos acreditam que os produtos fitofarmacêuticos, vulgarmente conhecidos como pesticidas, são concebidos com o objetivo de proteger as plantas de influências prejudiciais», como insetos nocivos, infestantes, fungos e outros parasitas. «Além disso, 68% referem que, sem o uso de produtos fitofarmacêuticos, mais de metade das culturas mundiais podem ser perdidas a cada ano, devido a pragas e a doenças das culturas», referiu Isabel Moreira. A juntar ao facto de 65% dos inquiridos transmitir a preferência por alimentos biológicos, 66% diz que consumir produtos biológicos regularmente reduz o risco de cancro. «Pedimos aos participantes para indicarem que fatores poderiam ter impacto no aumento dos custos dos alimentos no mundo e 86% indicou a falta de produção devido às alterações climáticas», disse a investigadora da Católica-Lisbon, School of Business & Economics, seguindo-se a falta de terra adequada à agricultura, com 60%. A quase totalidade dos inquiridos (98%) refere que o preço dos alimentos deve ser acessível para garantir que as famílias têm alimentos saudáveis e frescos, realçou ainda Isabel Moreira. O trabalho realiza uma comparação dos resultados obtidos em Portugal com dados de um estudo envolvendo vários países, como Espanha, Reino Unido, Alemanha e Polónia, efectuado em 2016. «Há algumas diferenças, sobretudo em relação às respostas ‘não sabe’, os portugueses selecionam menos essa opção» e em relação à questão de os produtos fitofarmacêuticos serem concebidos para proteger as plantas, «na amostra portuguesa temos 85% dos participantes que concordam, enquanto que, no estudo internacional, 17% concorda totalmente e 52% tendem a concordar, ou seja, é uma percentagem ligeiramente inferior» (69%), apontou. O estudo abrangeu 961 participantes representativos da população portuguesa, através do Painel de Estudos Online da Católica Lisbon School of Business & Economics, que responderam a um questionário online em Março de 2018, através do Painel de Estudos Online da Católica Lisbon School of Business & Economics. |