Portugueses com maus hábitos alimentares revelam mais sintomas depressivos 580

16 de Maio de 2016

Os portugueses com maus hábitos alimentares são os que mais revelam sintomas depressivos e também os que fumam e bebem com mais frequência, segundo um estudo com base numa amostra representativa da população adulta.

O projeto Saúde.come aplicou inquéritos a cerca de 10 mil portugueses representativos da população e analisou como os padrões alimentares se relacionam com fatores como a idade, a escolaridade ou a situação profissional.

Segundo Helena Canhão, investigadora principal do estudo, foram ainda aplicados questionários para avaliar sintomas depressivos e de ansiedade.

Trata-se de um inquérito padrão, com uma escala validade, com 14 perguntas que permitem aferir uma pontuação indicativa de sintomas de ansiedade e depressão. Não se trata de um diagnóstico, mas apenas da determinação da existência de sinais ou sintomas.

«Há uma associação entre os padrões alimentares e a existência de sintomas depressivos, independentemente do sexo ou da idade. Há mesmo uma associação entre um padrão com maus hábitos alimentares e uma pontuação alta nos sintomas depressivos», referiu Helena Canhão em declarações à agência “Lusa”.

A investigadora avisa que não se trata de estabelecer uma causa/efeito: «Não podemos dizer o que começou antes. Se uma pessoa, por estar deprimida, come pior, ou o que causa ou o que esteve por trás disso. Temos de explorar melhorar, de estudar melhor este aspeto».

O projeto Saúde.come identificou hábitos alimentares e estilos de vida na população portuguesa, concluindo que mais de 52% dos inquiridos têm excesso de peso.

O Alentejo e a Região Autónoma dos Açores mostraram-se as zonas mais problemáticas, com 60% da população com peso a mais.

«Julgamos que temos uma dieta mediterrânea e que em Portugal se come mais ou menos da mesma maneira, mas há diferenças de região para região. Achamos curioso que num país tão pequeno o padrão não seja mais uniforme», afirmou a investigadora, vincando que a região alentejana é a que apresenta mais obesidade, mais sintomas depressivos e tem menos acesso a cuidados de saúde.

O inquérito revelou ainda que quase metade (47%) dos portugueses consome legumes de forma insuficiente. A fruta acaba por ter mais adesão e 76% dos inquiridos garantem comer fruta todos os dias.

Vinte por cento dos portugueses afirmaram que fazem 10 a 14 refeições de carne por semana e apenas 23% dizem comer peixe todos os dias.

O “mau padrão alimentar” – caraterizado pelo baixo consumo de legumes e elevado de carne – é mais frequente nos jovens do género masculino, em baixos níveis de escolaridade, em situações de desemprego ou emprego precário.

A região do país com maior prevalência deste “mau padrão” é a dos Açores.

Os maus hábitos dos portugueses não se ficam pela alimentação, com um quarto da população portuguesa adulta a ter hábitos tabágicos.

O estudo foi desenvolvido por um consórcio internacional liderado pela Sociedade Portuguesa de Reumatologia (que dispõe de uma base de dados ampla), em parceria com a Nova Medical School da Universidade Nova de Lisboa, pela Católica – Lisbon School of Business and Economics, pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e pela Norwegian University os Science Tecnhnology.

Depois deste inquérito e do apuramento de dados, a segunda fase do projeto Saúde.come, a entrar no terreno, pretende melhorar o estilo de vida das pessoas a partir dos 60 anos – as mais sedentárias -, através de um projeto que inclui uma aplicação televisiva e um programa num canal de televisão por cabo.

O sistema imunitário, no caso, tem o nome de sistemas de “restrição-modificação”, compostos por uma série de proteínas que funcionam como um “código” que permite às bactérias reconhecerem a «informação genética que é sua da que não é».

Os cientistas verificaram que o número destes elementos de controlo, que regulam o que entra numa célula, tem “uma forte influência” na forma como as bactérias interagem umas contra as outras, “socializam entre si”, trocam informação genética.

Segundo Pedro Oliveira, «as bactérias têm preferências na socialização», escolhem umas e não outras para aumentar «a variabilidade do seu ADN».

Ora, concluiu a equipa de investigadores, isso acontece quando as bactérias têm mais elementos de controlo, de reconhecimento do “ADN invasor”.

O estudo contou com a participação dos cientistas Marie Touchon e Eduardo Rocha, que coordena o Grupo de Genómica Microbiana Evolutiva do Instituto Pasteur.