Portugueses apresentam grilo doméstico como «bomba proteica» em concurso europeu 779

 

 

13 de setembro de 2018

Três jovens do Colégio Luso-Francês do Porto vão representar Portugal na 30ª edição do Concurso Europeu de Ciência para Jovens Cientistas, com o projeto “ENTOFARM.PT”, onde grilos domésticos são apresentados como «alternativa proteica» ao consumo da carne. O evento arranca amanhã, em Dublin, na Irlanda.

«O nosso objetivo era criar uma alternativa proteica ao consumo de carne e, depois de vários meses de pesquisa, descobrimos que em 100 gramas de grilo, 70 gramas são de proteína, o que é considerado uma ‘bomba proteica», contou Rita Rocha, professora responsável pelo projeto.

De acordo com a Rita Rocha, esta é uma «alternativa segura» à carne e representa «uma pegada ecológica muito menor», e, por isso, «decidimos abraçar esta espécie pelas qualidades nutricionais que tem, tendo também em conta que o grilo está distribuído por quase todo o planeta e que não é uma espécie em extinção».

Depois de realizarem vários testes em laboratório a 500 grilos, os três jovens do Colégio Luso-Francês, Mário Ribeiro, João Maria Leite e Catarina Brandão, conseguiram chegar «a uma solução de compromisso com mortalidade zero, e assim, garantir dois mil indivíduos por caixa».

«Aferidos todos os parâmetros de análise, conseguimos obter, numa caixa ao fim de um ciclo inteiro de vida [oito semanas], cerca de dois mil indivíduos para venda», frisou a professora à agência “Lusa”.

Face à «dificuldade de um ocidental comer um grilo», a equipa dos jovens cientistas optou por transformar o animal em farinha, que pode «ser introduzida como suplemento em outros alimentos».

A equipa do projeto “ENTOFARM.PT” está agora em negociações com empresas para a utilização deste suplemento na aquacultura como alternativa às rações dos peixes. Contudo, a professora sublinha que «próximo desafio é remover o teor de gordura» que têm os grilos domésticos.