17 de maio de 2017 Em Portugal, um em cada dez rapazes de 11 anos é obeso. Esta é uma das conclusões de um novo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a região europeia, divulgado hoje no Congresso Europeu da Obesidade, no Porto. A prevalência da obesidade nos rapazes de 11 anos é de 10% em quatro países (Croácia, Grécia, Portugal e Macedónia) mas apenas dois (Grécia e Itália) têm uma prevalência superior a 5% nas raparigas, de acordo com o documento. O abandono da dieta mediterrânica, associado à crise económica nos países do sul, ajudam a explicar a tendência. «A obesidade está mais relacionada com a pobreza nos rapazes. Quanto mais pobres, menos cuidado têm. Estes miúdos estão em grande risco de ficar para sempre com comportamentos pouco saudáveis se não forem considerados um grupo de especial foco. É preciso alertar os pais, professores e crianças para isto», analisa a socióloga Margarida Gaspar de Matos, a coordenadora do estudo em Portugal. O relatório da OMS, que analisa as principais tendências da obesidade infantil em 12 anos (2002-2014), mostra ainda que as crianças e adolescentes portugueses estão a comer menos vegetais e menos fruta. Em 12 anos, os decréscimos nos consumos de frutas e legumes por rapazes e raparigas foram significativos em cinco países: Grécia, Israel, Malta, Polónia e Portugal. «Nos estudos anteriores éramos os campeões a comer fruta. Em Portugal está a descer esse consumo e tem a ver com a crise económica. A fruta é cara quando comparada com o pão», comenta Margarida Gaspar de Matos. Segundo o relatório da OMS, os comportamentos sedentários dos jovens contribuem também para o problema. Embora os adolescentes portugueses não sejam dos piores quanto ao tempo diário a ver televisão ou a usar o computador, o mesmo já não se pode dizer quanto à prática de exercício físico. Neste indicador, é sobretudo preocupante a situação do grupo das raparigas de 15 anos, que é o menos fisicamente ativo de todos os países incluído no estudo, com uma prevalência de apenas 6% das que fazem exercício. «A atividade física tende a baixar com a idade dos 11 para os 15 anos, tanto nos rapazes como nas raparigas, e sempre abaixo da média dos países do estudo», refere o documento. A nutricionista Ana Rito, que é também investigadora principal do Estudo de Vigilância da Obesidade (COSI) em Portugal, também adiantou que nos vários estudos que têm conduzido «é na idade escolar, do 1ºciclo, aos 10 anos, onde se observa a maior prevalência da obesidade infantil. É uma idade que precede a puberdade e onde o foco de atenção deve ser igualmente maior», avançou o “DN”. |