Portugal, Irlanda, Luxemburgo, e Eslovénia são os países onde os profissionais de saúde mais aderem à higienização das mãos nos hospitais, segundo dados divulgados na terça-feira (06) pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC).
Os dados fazem parte do terceiro Inquérito de prevalência pontual das Infeções Associadas a Cuidados de Saúde (IACS) e dos antimicrobianos em hospitais de cuidados agudos 2022-2023, coordenado pelo ECDC, divulgado em conferência de imprensa para assinalar o Dia Mundial da Higiene das Mãos.
Os dados sobre o número de oportunidades de higiene das mãos observadas, que refletem a intensidade da monitorização do cumprimento da higiene das mãos durante o ano mais recente, foram comunicados por 1.022 hospitais de 23 países da União Europeia e do Espaço Económico Europeu (UE/EEE).
“O número médio de oportunidades de higiene das mãos observadas no ano anterior foi de 3,6 oportunidades por 1.000 doentes-dia, com 23,3% dos hospitais a não comunicarem quaisquer observações de higiene das mãos, e 3,9% dos hospitais a comunicarem mais de 100 oportunidades por 1.000 doentes-dia, principalmente na Irlanda, Itália e Portugal”, lê-se no relatório, a que a agência Lusa teve acesso.
Os resultados por país são apresentados como a percentagem de hospitais com um número de oportunidades de higiene das mãos observadas por 1.000 doentes-dia superior à mediana.
“A percentagem de hospitais com um número de oportunidades de higiene das mãos acima da mediana variou entre 0% em Chipre, Islândia, Kosovo e Montenegro e 80% ou mais na Irlanda, Luxemburgo, Portugal e Eslovénia”, salienta o documento.
O relatório destaca também que o número de camas com um dispensador à base de álcool gel para higienização das mãos no local de prestação de cuidados foi comunicado por 24 países da UE/EEE, quer a nível hospitalar por 685 hospitais, quer a nível de enfermaria por 771.
A mediana da percentagem de camas com um dispensador de álcool gel no local de prestação de cuidados aumentou de 52,8%, no inquérito 2016-2017, para 63% no estudo de 2022-2023.
Segundo os dados, “a percentagem variou de menos de 10% na Bulgária, Roménia, Kosovo e Sérvia para mais de 90% na Hungria, Luxemburgo, Portugal e Espanha”.
A percentagem de agentes antimicrobianos administrados por via parentérica (80%) foi superior à do anterior inquérito (73%).
“A promoção de uma mudança mais precoce da administração parentérica para a administração oral de agentes antimicrobianos parece ser uma prioridade em vários países da Europa Oriental e em Portugal”, sublinha o documento.
Outra conclusão do inquérito aponta que “a especificidade para detetar e notificar IACS foi, em média, de 98,4% e variou entre 95,2% em Portugal e 100% na Lituânia”.
A estimativa do número de doentes que contraiu pelo menos uma infeção aponta para cerca de 94 mil paciente nos hospitais portugueses, o que representa 8,9% em termos de incidência, a maior entre os países analisados, seguido de Itália (8,2%), Bélgica (7%) e Suécia (6,8%), segundo os dados relativos a 2022 e 2023.
Todos os anos, 4,3 milhões de doentes internados em hospitais nos países da União Europeia (UE) e do Espaço Económico Europeu (EEE) contraem pelo menos uma infeção associada aos cuidados de saúde durante o internamento.
Também foi observado um aumento no uso de antimicrobianos em comparação com inquéritos anteriores. No estudo de 2022-2023, 35,5% dos doentes receberam pelo menos um agente antimicrobiano, contra 32,9% no estudo anterior (2016-2017).
Em qualquer dia, cerca de 390.000 doentes hospitalizados na UE/EEE recebem pelo menos um agente antimicrobiano, refere o ECDC.
Pelo menos 20% destas infeções são consideradas evitáveis através de programas sustentados e multifacetados de prevenção e controlo.