Portugal é o “único país a tomar medidas totalmente compreensivas” na implementação de políticas de nutrição, num conjunto de 16 países europeus, mostra um estudo apresentado no segundo dia do Simpósio de Políticas de Prevenção de Doenças não Transmissíveis (DNTs), que decorreu esta quarta-feira, em Bruxelas.
Apresentado por Kate Oldridge-Turner, do World Cancer Research Fund International, o estudo analisa 16 países europeus com um conjunto de dados completos, para mostrar que o progresso político ao nível de políticas de nutrição “é evidente”, com Portugal a destacar-se com a pontuação mais elevada num conjunto de três grandes áreas de atuação (sistema alimentar, comunicação para a mudança de hábitos e ambiente alimentar), a par da Noruega. A Bulgária surge como o país que menos desenvolvimento demonstra neste campo.
A especialista apresenta um conjunto de medidas essenciais a boas políticas de nutrição, como a educação nutricional, a presença desta área nos sistemas de saúde, incentivos e regras no sentido de criar retalhos e ambientes alimentares mais saudáveis ou restringir anúncios e promoções comerciais para certos produtos alimentares. O uso de ferramentas económicas para alcançar acessibilidade alimentar é também destacado.
Desafios e oportunidades políticas para a nutrição
Outro dos palestrantes do Simpósio de DNTs, Samuele Tonello, do EuroHealthNet, explicou que o sistema alimentar afeta a sociedade europeia ao nível da saúde (malnutrição e obesidade), da pegada ecológica (esgotamento de recursos naturais e desperdício alimentar) e de externalidades socioeconómicas.
Já Maartje Poelman, da Universidade de Wageningen, apresentou os desafios para a implementação de políticas de nutrição. A investigadora destaca a falta de priorizações e avaliações políticas, a ausência da saúde em todas as decisões institucionais, falta de conhecimento da evidência, bem como o lobby da indústria alimentar. Para colmatar estas lacunas, as oportunidades encontram-se, revela, em três grandes áreas: a ciência (através da evidência, monotorização, comunicação e abordagem ativista), as partes interessadas (que deverão juntar forças para mudar os sistemas) e ferramentas (como o financiamento ou plataformas de interação).
O Simpósio de Políticas de Prevenção de Doenças não Transmissíveis começou no passado dia 14 e continua até dia 16 de junho, com debates e workshops sobre as DNTs, que são a principal causa de mortalidade global, matando 41 milhões de pessoas por ano.