A prevalência de excesso de peso, incluindo a obesidade, das crianças dos 5 aos 9 anos em Portugal é de 36%, acima da estimada para a Região Europeia da OMS, de 29,5%, indica um relatório da organização.
Divulgado na quarta-feira, o último Relatório Regional Europeu sobre Obesidade da Organização Mundial de Saúde estima, com base em dados de 2016, que quase uma em cada três crianças em “idade escolar primária” na região sofre de excesso de peso, incluindo obesidade, que afeta uma em oito (11,6%).
Portugal é o sétimo pior, entre os 53 países da região, com cerca de 36% das crianças daquela idade com excesso de peso, das quais quase 15% sofre de obesidade.
A média dos Estados membros da União Europeia (UE) é de cerca de 32%, incluindo 12% com obesidade, enquanto em Itália, o pior país da região europeia da OMS, as percentagens são de 42% com excesso de peso, incluindo 17% obesas. O Tajiquistão é o melhor com 16% e 4%, respetivamente.
No caso das crianças e adolescentes de 10 a 19 anos, Portugal não está tão mal, com 30% com excesso de peso, dos quais cerca de 8% sofre de obesidade, acima da média da UE (cerca de 27%) no primeiro caso, enquanto a percentagem de obesos é praticamente a mesma (perto de 8%).
A média da região europeia da OMS é de 25% e 7%, respetivamente, sendo a Grécia o país com percentagens mais altas (35% e 12%) e mantendo-se o Tajiquistão como o país com as percentagens mais baixas (14% e cerca de 2%).
“Os mesmos dados demonstram que a prevalência do excesso de peso e obesidade entre os rapazes dos cinco aos 19 anos aumentou quase três vezes entre 1975 e 2016 e mais de que duplicou no caso das raparigas” e calcula-se que, até 2035, a que é designada de “epidemia silenciosa” afetará 17 milhões de rapazes e 11 milhões de raparigas daquelas idades na região.
O relatório lembra que a obesidade é uma “doença multifatorial complexa”, assinalando que estimativas recentes indicam que o excesso de peso é o “quarto fator de risco mais comum para as doenças não transmissíveis”, depois da pressão alta, dos riscos alimentares e do tabaco.
A obesidade está ligada a um maior risco de doenças crónicas, incluindo as cardiovasculares, bem como a “pelo menos 13 tipos diferentes de cancro”, sendo considerada “diretamente responsável por pelo menos 200 mil novos casos anuais na região”.
Calcula-se que o excesso de peso cause mais de 1,2 milhões de mortes na região europeia da OMS todos os anos e tenha custos anuais superiores a 800 mil milhões de dólares (cerca de 733 mil milhões de euros).
A agência para a saúde das Nações Unidas indica que a previsão é de agravamento do quadro “alarmante” e sublinha que a obesidade durante a infância “frequentemente continua” na adolescência e na vida adulta, considerando que “a prevenção precoce é crucial para reverter as tendências atuais”.
É preciso apostar numa melhor nutrição, na regulamentação da indústria de alimentos e bebidas, por exemplo com taxas mais altas nas bebidas açucaradas, bem como numa maior clareza nas embalagens e em restrições da publicidade dos alimentos prejudiciais para as crianças.
Importante é também promover a atividade física, nas escolas e fora delas, e “difundir mensagens sobre um estilo de vida ativo”.
O diretor regional para a Europa da OMS, Hans Kluge, considera que “nenhuma intervenção isolada pode impedir o aumento do excesso de peso e da obesidade”.