O Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da Direção-Geral da Saúde (DGS), publicou, na passada sexta-feira, dia 4 de março, o relatório anual do PNPAS de 2021.
Este documento, apresenta a informação epidemiológica nacional mais recente relativa à área da alimentação e nutrição, indicando as principais atividades realizadas no âmbito do Programa e apresentando o seu roteiro de ação para 2022.
“Dados do REACT-COVID 2.0 mostram que os comportamentos alimentares de uma percentagem relevante dos portugueses se parecem ter alterado durante os primeiros 12 meses da pandemia covid-19. Comparativamente ao período pré-pandemia, 36,8% da população inquirida reportou ter mudado os seus hábitos alimentares durante os primeiros 12 meses de pandemia, sendo que 58,2% tem a perceção de que mudou para melhor e 41,8% a perceção de que mudou para pior. As razões para esta alteração parecem relacionar-se com 3 grandes fatores: 1) aumento das refeições realizadas em casa (33,4%) e/ou aumento do número de refeições cozinhadas em casa (19,4%); 2) alterações no apetite motivadas por razões emocionais (24,9%) e 3) alteração da frequência de idas às compras (21,7%)”, indica o Relatório.
O documento destaca também várias atividades realizadas entre 2019-2020, como o estudo “REACT-COVID 2.0, que teve como objetivo conhecer os comportamentos alimentares e de atividade física dos portugueses um ano após o início da pandemia covid-19”; a “monitorização do marketing digital de alimentos dirigido a crianças, nomeadamente nas redes sociais de diferentes marcas de determinados produtos alimentares. Foi também implementado um estudo piloto da ferramenta CLICK da OMS, que permitiu avaliar a exposição direta das crianças portuguesas ao marketing digital de alimentos”; a “Implementação do estudo Healthy Food Environment Policy Index (Food-EPI) em Portugal, com o objetivo de avaliar o estado e o progresso de Portugal na melhoria dos ambientes alimentares e na implementação de políticas e de ações destinadas à prevenção da obesidade e das doenças crónicas associadas”.
Outra das medidas foi a “monitorização do imposto especial de consumo sobre as bebidas açucaradas, sendo que os dados da Autoridade Tributária sugerem que o imposto continua a ser um incentivo à reformulação dos produtos alimentares (em 2021, 29,4% das bebidas abrangidas pelo imposto apresentavam um
teor de açúcar inferior a 2,5g por 100 mL, por comparação a uma percentagem de 25,9% no ano de 2020)”.
O Relatório também destaca a “monitorização dos compromissos para a reformulação dos produtos alimentares, sendo que no geral, entre 2018 e 2021, se verificou uma diminuição no teor de sal (g) e de açúcar (g), por 100g, de alimento em quase todas as categorias de produtos alimentares. No global, entre 2018 e 2021, o volume total de sal e de açúcar dos alimentos abrangidos por este protocolo reduziu-se em cerca de 25,6 toneladas de sal e 6256,1 toneladas de
açúcar”.
Para além disso, o PNPAS colaborou “na elaboração do Despacho nº 8127/2021, de 17 de agosto que estabelece as normas na elaboração de ementas e na venda de géneros alimentícios nos bufetes e nas máquinas de venda automática dos estabelecimentos de educação pública”.
Durante este período publicou o Guia para lanches escolares saudáveis, o Manual “Alimentação e Nutrição na Gravidez”, um modelo do aconselhamento breve para a alimentação saudável nos Cuidados de Saúde Primários, o Manual de Dietas Hospitalares.
É também da responsabilidade do PNPAS, a realização de um estudo de avaliação do impacto da covid-19 na prestação de cuidados nutricionais nas unidades de saúde do SNS. Este mostrou que “87,9% das unidades de saúde reportou ter alterado a rotina/ organização do Serviço de Nutrição, passando a dar mais apoio ao internamento (51,7%), nomeadamente a doentes com covid-19 (nos Serviços de Medicina Intensiva e em enfermaria), tendo 45,5% percecionado uma diminuição da prestação de cuidados nutricionais a doentes não covid-19. Em média, em 2020, registou-se uma redução de 18,0% no número de consultas realizadas em ambulatório, comparativamente ao número de consultas realizadas em 2019. Durante este período, foram contratados 18 Nutricionistas para reforçar o Serviço de Nutrição das unidades de saúde do SNS”.
O documento apresenta ainda um “Roteiro de Ação para 2022”, onde estão descritas as “as novas linhas de orientação estratégica, que serão desenvolvidas no contexto do novo Plano Nacional de Saúde 2030”, e que se enquadram “numa das metas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no âmbito da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários”.
Pode consultar o Relatório aqui.