Na passada semana começaram a circular várias noticias sobre um surto em Pequim, com 106 novos casos positivos de covid-19. Após análises, o vírus foi localizado na tábua usada por um vendedor de salmão importado, num mercado de frutas e legumes de Xinfadi. Como consequência, o salmão tem vindo a ser retirado dos principais postos de vendas, incluindo plataformas online, e a população ter sido aconselhada a não consumir salmão e marisco importado da Dinamarca, Noruega e Austrália.
Victoria Braathen, diretora da China no Norwegian Seafood Council, que está a acompanhar o desenvolvimento da situação garante que o covid-19 não se passa pela alimentação. “Estamos a monitorizar de perto o desenvolvimento do mercado. A Autoridade Norueguesa de Segurança Alimentar está certa que o coronavírus não afeta a segurança dos frutos do mar, pois não há casos conhecidos de infeção por alimentos contaminados”, indicou.
Contudo, Wu Zunyou, epidemiologista-chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da China veio lançar a dúvida ao afirmar que o vírus consegue sobreviver em alimentos congelados até três meses. O epidemiologista-chefe chega mesmo a garantir que a sua equipa tem uma “suspeita muito alta” sobre a fonte deste novo surto ser o salmão.
Estas declarações levaram a que as autoridades chinesas, através Zeng Guang, especialista da Comissão Nacional de Saúde, viessem a público indicar que ainda estão a analisar os dados. “Ainda temos que descobrir se os seres humanos transmitiram o vírus ao salmão, ou o salmão o contraiu primeiro”, confirmou.
Neste momento, as autoridades estão a testar carne e peixe importados à procura de vestígios ligados ao novo vírus. Os governos de Pequim, Tianjin, Guangdong, Henan e Gansu intensificaram as investigações e garantem ter testado mais de 2000 amostras de alimentos desde o alerta do novo surto.
Esta é uma suspeita que pode ser enorme para a Europa, devido à larga exportação que faz para a China, mas também para o impacto que pode ter no mundo inteiro.
Segundo investigadores da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, num estudo publicado em abril, concluíram que o coronavírus não é conhecido por infetar animais aquáticos ou contaminar os seus produtos.
O risco, e este “deve ser insignificante” tem a ver com o “manuseamento e limpeza adequados dos alimentos”, embora as suas superfícies possam potencialmente ficar contaminadas quando manuseadas por pessoas portadoras do vírus, concluíram os cientistas.