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O fim de mais um ano letivo é a altura perfeita para refletir no papel que a Escola deve ter na alimentação das nossas crianças. E, nem de propósito, o tema da alimentação escolar tem estado nos jornais novamente, por via das novas medidas do Despacho de Ação Social Escolar, redigido pelo Ministério da Educação. Trata-se de um assunto bastante abrangente e com matérias sensíveis, que incluem a qualidade/preço das refeições escolares, a oferta existente nos bares e cantinas ou a educação alimentar que pode ser feita na Escola. Enquanto nutricionista e membro de uma Associação de Pais, assisto frequentemente à desorientação dos encarregados de educação em quase todos estes tópicos. É por isso urgente sistematizar a ação da Escola no que respeita à Nutrição, porque é óbvio e necessário o contributo que os nutricionistas podem dar para melhorar a alimentação e saúde das crianças. Desde logo, é necessária a criação de conteúdos letivos relacionados com a alimentação: uniformizados, adaptados às diversas faixas etárias, independentes de interesses comerciais e devidamente validados do ponto de vista científico. Mais do que muita teoria ou ações pontuais, esta verdadeira Educação Alimentar deve envolver as crianças com a comida e capacitá-las para fazerem melhores escolhas no dia a dia. Algo tão importante e que se faz todos os dias, não pode andar longe ou ocupar poucas páginas dos manuais escolares! Depois, claro, surge a necessidade de definir o que se pretende da alimentação fornecida pela Escola. Sendo a realidade social muito diferente entre escolas (e frequentemente, dentro de cada escola), é naturalmente difícil conciliar necessidades e expetativas. Se há Pais preocupados com lactose e glúten (mesmo que perfeitamente tolerados pelos filhos), outros há para quem o almoço na escola poderá ser a única refeição completa possível para os seus filhos. Por outro lado, a enorme pressão orçamental exige cuidados redobrados para garantir que a qualidade e quantidade de comida vai ao encontro das regras definidas. É um processo que tem de ser continuamente vigiado, para assegurar que aquilo que vai para o prato das crianças é seguro e nutricionalmente correto, mas também agradável e prazeroso. E por fim, é preciso também lembrar que a Escola não está isolada. Daquilo que os pais colocam nas lancheiras ao que os miúdos podem comprar (dentro ou nos arredores da sua escola), há todo um conjunto de fatores que definem os comportamentos alimentares na idade escolar. Envolver também os Pais é obrigatório. E moldar a restante oferta alimentar (bares, cantinas, máquinas de venda automática), facilitando o acesso a escolhas mais saudáveis, mas também saborosas e económicas, tem de ser uma prioridade. De tudo isto, é fácil constatar a necessidade do “Nutricionista Escolar”, figura defendida pela Ordem dos Nutricionistas há já algum tempo. Não é algo particularmente dispendioso, sobretudo considerando os ganhos e poupanças derivados duma estratégia nutricional para a Escola. Não é, também, algo tecnicamente muito complicado. Existe já bastante trabalho realizado, crie-se a estratégia e definam-se as métricas para a sua avaliação e aferição. E, não menos importante, existe o capital humano, colegas capazes e com vontade de trabalhar para que não se continue a perder a oportunidade de preparar gerações de crianças para um futuro mais saudável. Afinal, estamos à espera de quê?! |