Países pobres podem ficar sem peixe para comer em 2050 900

12 de janeiro de 2017

Em pouco mais de 30 anos, milhões de pessoas em países em desenvolvimento poderão não conseguir comprar e comer peixe, alerta um relatório da World Wide Fund for Nature (WWF) divulgado ontem.

O documento, “À pesca de proteínas – Qual o impacto das pescarias marinhas na segurança alimentar global até 2050”, analisa a quantidade de peixe que pode ser retirada dos mares de forma sustentável até meio do século.

A análise prevê que muitas pessoas terão de exportar o peixe em vez de o comer e não terão acesso a alternativas que substituam a fonte de proteína.

No relatório os responsáveis a organização começa por alertar para a necessidade de se duplicar as necessidades globais de alimentos nos próximos anos, face ao aumento populacional, e lembram que mil milhões de pessoas passam fome todos os dias, por problemas de distribuição alimentar e de pobreza.

O peixe, diz-se no documento, alimenta com pelo menos 20% das necessidades de proteína mais de 3,1 mil milhões de pessoas e é responsável pelo fornecimento de 17% da proteína consumida no mundo.

Adicionalmente cerca de 500 milhões de pessoas vivem da pesca, sendo que nem sempre para consumo. O peixe é frequentemente a única fonte disponível de proteínas nas regiões costeiras de países em desenvolvimento mas no mundo o peixe é menos consumido nos países mais pobres (10 quilos por pessoa/ano) e tem um consumo acima da média na Ásia, América do Norte e Europa.

Até meio do século, diz o estudo da WWF, é necessário uma captura sustentável e uma melhor gestão das pescas, o que permitiria peixe suficiente para toda a população (12 quilos por pessoa/ano). Mas perante uma escassez em 2050 os países ricos irão preferir importar peixe dos países em desenvolvimento, que optarão por vender a fonte de proteína em vez de a comer.

Nesse ano, diz-se no estudo, países pobres de África e da América Latina não conseguirão satisfazer a suas procuras internas por exportarem para os países ricos.