Os resultados de um inquérito divulgado esta quarta-feira (01) pela Deco Proteste revelam que os adultos desconhecem a real dimensão dos problemas de saúde mental dos seus filhos, com níveis de apreciação de indicadores como ansiedade ou mudanças de humor a serem consideravelmente divergentes entre ambos.
De acordo com a entidade, a “saúde mental dos filhos escapa aos pais”, uma vez que 65% dos adolescentes inquiridos reconheceram sofrer, pelo menos, de um problema causado, parcialmente, pelos hábitos online. As assimetrias são consideráveis, e começam com o facto de apenas 17% dos pais reconhecerem que os seus filhos padecem de ansiedade, número que dispara para os 49% quando são os próprios a falar de si.
As mudanças de humor também apresentam uma disparidade: 34% para os filhos, contra 18% para os pais. Os progenitores atribuem mesmo uma pontuação de 8,4, em 10, à saúde mental dos seus filhos, quando os próprios se ficam pelos 6,8. Os números parecem encontrar-se no que diz respeito à saúde física e à qualidade de vida, com as raparigas a “aparentarem viver piores condições, nas dimensões referidas, do que os rapazes”.
O estudo da Deco apresenta outros valores, nomeadamente no tempo de uso da Internet e das redes sociais: cerca de 2h47 durante a semana e 3h40 aos fins de semana. “Os adolescentes que passam mais tempo nas redes sociais, sobretudo nas férias, reportam mais problemas de índole mental e física”, lê-se no comunicado, que dá ainda conta de que os pais acreditam que os filhos usam a Internet para estudar durante mais tempo do que aquilo que na realidade acontece: 75% contra 88%, respetivamente.
A discrepância é grande no que diz respeito a conteúdos para adultos. Quase metade dos pais (48%) afirma ter conversado com os filhos sobre comportamento online, mas apenas 27% destes o confirma. Quanto aos perigos encontrados online – pornografia, identidade roubada, hacking e divulgação de imagens desapropriadas – 40% dos adolescentes admite que aumentaram com a pandemia, ainda que se considerem aptos a distinguir sites seguros de inseguros. Os pais são mais favoráveis que os filhos à limitação de acesso a conteúdos de adultos.