Ordem dos Nutricionistas defende reforço de profissionais nos Açores 850


03 de julho de 2018

A bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, defendeu hoje um reforço de profissionais nos Açores, não apenas nas unidades de saúde, como nas escolas e nos lares de idosos, alertando para a dispersão geográfica do arquipélago.

«Não podemos comparar o rácio de nutricionistas por habitantes e por camas, temos de olhar para a realidade desta zona geográfica e, nesse sentido, é evidente que são precisos mais nutricionistas», adiantou, em declarações aos jornalistas.

Alexandra Bento falava no final de uma reunião com o secretário regional da Saúde dos Açores, Rui Luís, em Angra do Heroísmo, que marcou o início de uma visita de três dias ao arquipélago, no âmbito de um périplo que a Ordem dos Nutricionistas está a fazer pelo país.

Atualmente, trabalham no Serviço Regional de Saúde dos Açores 31 nutricionistas: 12 nos hospitais, 18 nos cuidados de saúde primários e um na estrutura central da tutela.

Para a presidente da Ordem, a integração de nutricionistas em todos os centros de saúde da região, em 2009, contribuiu para a redução dos níveis de obesidade infantil, mas ainda «muito caminho a percorrer»

«Na altura, foi uma medida de uma importância extrema, porque hoje nós podemos dizer que todos os centros de saúde dos Açores têm nutricionista e isso já se está a verificar em alguns indicadores de saúde, nomeadamente naquilo que é a prevalência da obesidade infantil, que, de resto, continua a ser preocupante, mas há sinais de melhoria», frisou.

Alexandra Bento considerou que o Programa Regional para a Promoção da Alimentação Saudável será um «instrumento importantíssimo» para a melhoria da alimentação dos açorianos, mas defendeu um aumento progressivo do número de nutricionistas nos centros de saúde, sem esquecer os hospitais e os cuidados paliativos e continuados.

«Não nos podemos esquecer que a nossa população está a envelhecer e os nossos idosos têm particularidades de saúde muito específicas. Têm um conjunto de doenças, umas próprias do envelhecimento, outras nem por isso, que necessitam de cuidados em termos de alimentação», apontou.

A presidente da Ordem dos Nutricionistas salientou ainda a necessidade de reforço de profissionais nas escolas, não apenas para trabalhar a oferta alimentar, mas a educação alimentar e o envolvimento dos pais.

O secretário regional da Saúde alegou, no entanto, que será a implementação do Programa Regional para a Promoção da Alimentação Saudável a determinar a necessidade de contratação de mais nutricionistas.

«Agora, o que vai ser necessário é, com a implementação deste programa, nós percebermos em que áreas é que vai ser preciso apostar mais: se é na área da educação, se é na área dos idosos – e aí as IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social] terão um papel fundamental – se é noutras vertentes», frisou.

Segundo Rui Luís, o programa, que está pronto a implementar, será «fundamental» na prevenção da obesidade e terá resultados «a médio e longo prazo».

«Ao investir numa alimentação saudável, vamos evitar certas doenças crónicas que vão existir no futuro», salientou.