ONU denuncia que 45% da população do Haiti sofre de insegurança alimentar 1357

A coordenadora humanitária da ONU para o Haiti denunciou esta quarta-feira (28) o aumento da insegurança alimentar no país, assim como o crescimento no número de violações sexuais, sublinhando que a situação passou “de muito má para ainda pior”.

A coordenadora humanitária da ONU sublinhou que há mais pessoas em situação de insegurança alimentar, registando-se um aumento da desnutrição entre crianças e mulheres grávidas.

O agravamento da insegurança no Haiti mantém os preços das matérias-primas acima da média, nomeadamente devido à escassez de produtos alimentares básicos nos mercados devido a perturbações nas cadeias de abastecimento.

Face à grave situação no país, a ONU lançou na terça-feira um apelo para doações de 674 milhões de dólares (621 milhões de euros) para ajudar este ano 3,6 milhões de pessoas no Haiti.

“Em 2023, a violência perpetrada por gangues armados contra a população haitiana continuou a espalhar-se no país, atingindo áreas rurais isoladas à medida que a presença do Estado diminuiu”, afirma a ONU neste plano humanitário para 2024, descrevendo o aumento dos ataques de grupos violentos contra hospitais, escolas e locais de culto, cita a Lusa.

Com “a deterioração da situação de segurança, o quase colapso dos serviços básicos, o impacto de anos de seca e de choques ligados a catástrofes naturais”, 5,5 milhões de haitianos, numa população total de mais de dez milhões, estarão “num estado de vulnerabilidade profunda em 2024”, em comparação com 5,2 milhões em 2023.

O plano visa 3,6 milhões destas pessoas necessitadas e requer 673,8 milhões de dólares para o executar, num contexto de subfinanciamento crónico das operações humanitárias.

De acordo com o plano, 45% da população sofre atualmente de insegurança alimentar, incluindo 1,4 milhões de pessoas no nível 4 da classificação de insegurança alimentar (que vai até 5) e três milhões no nível 3. Cerca de 250 mil crianças sofrem de desnutrição aguda.

O Haiti é “um dos países do mundo onde a crise alimentar é mais grave”, referem as Nações Unidas.

A “violência reduziu gravemente o acesso aos serviços básicos, nomeadamente à saúde e à educação”, sublinha o plano humanitário lançado pela ONU, citando o rapto de médicos e o encerramento de mais de 700 escolas.

Numa tentativa de ajudar a polícia sobrecarregada pela violência dos gangues, o Conselho de Segurança da ONU deu finalmente o seu acordo em outubro para enviar uma missão multinacional para o Haiti liderada pelo Quénia, cujos detalhes ainda são aguardados.