ONU: 20 milhões de pessoas estão em risco de fome em África 1034


25 de agosto de 2017

O diretor do Programa Alimentar Mundial alertou, hoje, para aquela que considera ser a maior crise humanitária em 70 anos, com mais de 20 milhões de pessoas no Iémen, Somália, Sudão do Sul e Nigéria em risco de fome.

«Uma fome é uma situação rara. Quatro países à beira de fome ao mesmo tempo? Nunca se ouviu falar. Enfrentamos a maior crise humanitária em 70 anos», disse David Beasley, em entrevista à “Lusa”.

O norte-americano, nomeado para o cargo em março deste ano, disse que a situação mais preocupante acontece no Iémen, onde perto de sete milhões de pessoas são incapazes de sobreviver sem algum tipo de ajuda alimentar.

«O país está à beira de colapso total. A má nutrição entre as crianças está a níveis altíssimos, impedindo uma geração inteira de alcançar todo o seu potencial. O sistema financeiro está em ruínas e grandes áreas do setor público, incluindo milhares de funcionários de saúde, não recebem os seus salários há quase 10 meses», explicou.
Além da fome, o responsável diz que um surto de cólera tem atravessado o país, infetando milhares de pessoas e causando a morte de outras centenas. O Programa Alimentar Mundial, que faz parte da ONU, está a trabalhar com a Organização Mundial de Saúde e com a UNICEF para estabelecer centros de tratamento de emergência para tratar e combater a doença.

Além do Iémen, milhões de pessoas estão em risco de fome na Somália, no Sudão do Sul e na Nigéria. Beasley diz que a situação nestes países «infelizmente deve-se a conflitos provocados pelo homem».

«Em cada um destes países, fações em guerra têm posto a sua agenda à frente das pessoas. Guerra e violência devastam as vidas de milhões de pessoas, criando emergências de fome e doença a larga escala. Estes conflitos também dificultam o nosso acesso às pessoas que mais precisam, que estão frequentemente em áreas fora do nosso alcance», disse o responsável.

O político diz que «até líderes de todo o mundo colocarem mais pressão sobre estes países para acabar com estes conflitos, a miséria e sofrimento humano vão continuar» e que a comunidade internacional «não terá qualquer hipótese de atingir o seu objetivo principal: acabar com a fome até 2030».