16 de outubro de 2018 A Ordem dos Nutricionistas (ON) considerou que Portugal tem 40 anos de atraso em matéria de promoção da alimentação saudável, defendendo que é preciso impor «mais ritmo» e «mais intensidade» em medidas para melhorar os hábitos alimentares dos portugueses, no âmbito do Dia Mundial da Alimentação, que se comemora hoje. Considerando um «marco histórico» a criação da Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS), em 2017, porque é a definição «preto no branco» do que o país deve fazer para melhorar os hábitos alimentares, Alexandra Bento salientou que o importante agora é que «saia do papel com um grande ritmo e intensidade» e que sejam colocadas no terreno as medidas preconizadas. «Portugal acordou muito tarde em relação àquilo que têm sido os reptos de organizações internacionais, como é o caso da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação) que em 1974 dizia que todos os países deviam traçar uma política alimentar e nutricional para o seu país», sublinhou. Passaram mais de 40 anos até que Portugal traçasse essa política e esse atraso é visível na prevalência da obesidade (22,3%), da diabetes (13%), da hipertensão arterial (40%), disse a bastonária, observando ainda que mais de metade da população tem peso a mais, que uma em cada dez crianças é obesa e um terço tem peso a mais, o que «lhes vai condicionar uma série de doenças», cita a agência “Lusa”. «Isto faz-nos ver que acordámos muito tarde, mas se despertamos para o problema então temos que pôr medidas em ação com muita força e esta força exige a continuidade daquilo que está desenhado. Não podemos abrandar de maneira nenhuma», defendeu. Por outro lado, também é preciso que se pense que, para resolver a questão alimentar, deve constar do Orçamento do Estado uma série de medidas e iniciativas, disse Alexandre Bento, sublinhando que o Governo, à semelhança da maior parte dos países da OCDE, deve dedicar no próximo OE 3% dos custos associados à saúde em prevenção da doença, em vez dos atuais 0,2%. «É preciso gastar dinheiro hoje para se poupar amanhã», frisou. «Um país, quando aumenta o seu produto interno bruto, se não apostar em literacia e se não controlar a oferta alimentar, as doenças crónicas não transmissíveis vão surgir», uma situação que aconteceu em Portugal e que se traduziu na duplicação da disponibilidade de carne e na triplicação da disponibilidade de gordura. A Ordem dos Nutricionistas lembra que, em Portugal, a prevalência de doenças crónicas associadas a desequilíbrios nutricionais «assumem níveis preocupantes», sublinhando que, segundo a Direção-Geral da Saúde, metade das causas de doença e de morte no país tem relação direta com a alimentação. |