A Ordem dos Nutricionistas (ON), após a divulgação do documento “Balança Alimentar Portuguesa 2016-2020” do INE, emitiu um comunicado a pedir uma ação imediata da parte do Governo, pois os “portugueses estão a comer o dobro do necessário e de forma ainda mais desequilibrada”.
Este comunicado foi emitido após, na passada sexta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) ter divulgado a “Balança Alimentar 2016-2020”.
O estudo conclui que o aporte calórico médio diário aumentou face ao último período em análise (2012-2015) e que representa duas vezes o valor recomendado para um adulto com um peso médio saudável.
“Este é acompanhado por desequilíbrios graves, como o elevado consumo de carne – os portugueses comem quatro vezes mais carne do que aquela que é recomendada. A gordura na alimentação nacional também se mantém elevada e o consumo de álcool é igualmente excessivo”, explica a ON.
Os dados revelam ainda “que as disponibilidades para consumo da maioria dos alimentos apresentaram variações negativas em 2020, ano marcado pela pandemia covid-19”.
Outra coisa que se salienta neste relatório, é o ligeiro decréscimo do aporte calórico e um aumento da inatividade física, por força do confinamento.
A Ordem dos Nutricionistas salienta que esta ligeira diminuição das calorias ingeridas durante o ano transato, que ainda assim são muito elevadas face às necessidades, terá pouca expressão, num período marcado por uma diminuição drástica da atividade física.
“Apesar da redução das calorias ingeridas, temos de ter em consideração que o gasto energético foi muito diminuto durante o ano transato – já com o REACT-COVID realizado após o primeiro confinamento, tivemos conhecimento que a atividade física tinha diminuído. Estamos a aguardar com expectativa os resultados do segundo REACT-COVID. Salientamos que é essencial que se inicie um estudo alargado ao estado de saúde dos portugueses no período pós-pandémico, nomeadamente através de uma avaliação do estado nutricional da população portuguesa”, afirmou Alexandra Bento, citada no comunicado divulgado.
A ON considera estes dados “assustadores”, e como tal “pede ação urgente ao Governo, exigindo que a política interministerial de promoção de uma alimentação saudável tenha mais ritmo e intensidade para acabar com as escolhas erradas que têm resultados nefastos para a saúde dos portugueses”.
Destes dados, a ON salienta positivamente “o reforço da liderança do consumo de água e a redução positiva de consumo de refrigerantes que, poderá ser o reflexo claro da taxação implementada em 2017 às bebidas açucaradas”, indica a nota.
“Como vemos as medidas intencionalmente desenhadas para combater os problemas baseadas na evidência científica são efetivas. Este tipo de medidas podem e devem ser intensificadas pela Assembleia da República e pelo Governo a quem se exigem ações imediatas pela saúde de todos nós”, defende Alexandra Bento, bastonária da Ordem dos Nutricionistas, citada no comunicado divulgado.
Lembrar que a Balança Alimentar Portuguesa é um instrumento analítico de natureza estatística baseado na oferta de alimentos no território nacional numa perspetiva de consumo aparente, enquadrando as disponibilidades alimentares e a respetiva evolução em Portugal, em termos de produtos, nutrientes e calorias.