OMS/Unicef: Metade das grávidas é expostas a publicidade agressiva ao leite de fórmula 996

Um estudo pedido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Unicef (Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para as Crianças), concluiu que metade das mulheres grávidas, assim como profissionais de saúde, são expostos a publicidade agressiva a substitutos do leite materno.

O relatório, denominado por “Como a publicidade ao leite de fórmula influencia as decisões sobre a alimentação dos nossos filhos”, envolveu 8.500 pais e mulheres grávidas e 300 profissionais de saúde de oito países.

O estudo mostra que 51% dos pais foram expostos à publicidade destes produtos, em muitos casos em violação das normas internacionais de alimentação infantil.

Segundo a OMS e a Unicef, estas estratégias para influenciar as escolhas das famílias geram cerca de 48 mil milhões de euros em vendas e são frequentemente contrárias ao Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno, enganadoras e não cientificas.

O relatório indica que entre os argumentos mais utilizados pelos fabricantes, é a explicação feita aos pais que nos primeiros dias após o nascimento deve ser dada fórmula artificial aos bebés, alegando que o leite materno não está adaptado às necessidades nutricionais do recém-nascido.

Outros argumentos utilizados é de que as fórmulas têm demonstrado conter substâncias que melhoram o desenvolvimento e imunidade da criança, que estes leites saciam os bebés durante mais tempo ou que a qualidade do leite materno vai diminuindo.

De acordo com as conclusões, em todos os países a maioria das mulheres manifesta intenção de amamentar exclusivamente os seus filhos, contudo, o fluxo constante de publicidade que reforça os mitos sobre o leite materno, leva as mulheres a questionarem a sua capacidade de amamentar.

Foi no Reino Unido, Vietname e China onde se verificou que mais mulheres inquiridas foram expostas a ações de marketing para substitutos de leite materno (84% no Reino Unido, 92% no Vietname e 97% na China).

Por outro lado, as mulheres são também influenciadas pelos próprios profissionais de saúde, a quem os fabricantes de leite de fórmula também tentam chegar, oferecendo, por exemplo, amostras grátis, fundos de investigação, comissões sobre vendas, ou organizando eventos e conferências com despesas pagas.

Mais de um terço das mulheres inquiridas referiu que um profissional de saúde tinha recomendado uma determinada marca de fórmula infantil.

A OMS e a Unicef, que continuam a recomendar a amamentação, defendem que “a informação falsa e enganosa sobre os substitutos do leite materno é um grande obstáculo à amamentação, que sabemos ser a melhor solução para os bebés e para as suas mães”.

O estudo destaca que a amamentação tem como principais benefícios, o ser “um excelente método para combater todas as formas de subnutrição infantil, incluindo o baixo peso e estrutura para a idade, e a obesidade” e ajuda a proteger contra doenças infantis comuns.

Ainda assim, dados globais indicam que apenas 44% das crianças com menos de seis meses de idade são exclusivamente amamentadas e que nas últimas duas décadas duplicaram as vendas de substitutos do leite materno.

As duas organizações defendem uma maior regulamentação e controlo do cumprimento das leis para impedir a promoção de substitutos de leite materno, proibindo também que os trabalhadores de saúde possam aceitar patrocínios de empresas que comercializam alimentos para bebés e crianças.

Recomendam também o investimento em políticas e programas de apoio ao aleitamento materno e a exigência aos fabricantes no sentido de se comprometerem publicamente a cumprir o código internacional.

Mais informações sobre o relatório, aqui.