A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou na passada sexta-feira (19) o consumo de leite pasteurizado após a descoberta de fortes concentrações do vírus H5N1 (que causa a gripe aviária) no leite de vacas nos Estados Unidos.
Estudos estão ainda a ser feitos para procurar determinar durante quanto tempo o vírus pode sobreviver no leite, pelo que a OMS pede prudência.
“Uma vez que os estudos estão a decorrer, é importante que as pessoas tenham práticas alimentares seguras, incluindo consumir apenas leite pasteurizado”, afirmou Wenqing Zhang, que dirige o Programa Global da Gripe na OMS, durante a conferência de imprensa semanal da organização.
Segundo a especialista, várias manadas de vacas estão a ser afetadas num cada vez maior número de estados norte-americanos, o que traduz “uma nova etapa na propagação do vírus aos mamíferos”, cita a Lusa.
As autoridades sanitárias do Estado do Texas, onde foi descoberto este mês o primeiro caso de transmissão do vírus entre vacas e humanos, afastaram qualquer risco para o circuito leiteiro comercial, uma vez que o leite dos animais doentes é obrigatoriamente destruído.
A pasteurização – processo que consiste em esterilizar alimentos, no caso o leite, aquecendo-os a uma determinada temperatura e depois arrefecendo-os rapidamente – mata o vírus H5N1.
O vulgar leite empacotado UHT que se vende nos supermercados é ultrapasteurizado.
As infeções humanas com o vírus H5N1 são raras e estão associadas à exposição a animais e ambientes contaminados.
Até ao momento não há provas de transmissão entre humanos, mas as autoridades de saúde temem que a elevada circulação do vírus possa facilitar uma mutação genética que permita ao vírus passar de uma pessoa para outra.
Apesar dos receios, a OMS ressalva que o vírus detetado no Texas não revelou sinais de adaptação acrescida nos mamíferos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, entre o início de 2023 e 01 de abril de 2024 foram registados 889 casos humanos de gripe aviária em 23 países, incluindo 463 mortes, elevando a taxa de letalidade para 52%.
A gripe aviária apareceu pela primeira vez em 1996, mas desde 2020 o número de surtos em aves aumentou significativamente e um número crescente de espécies de mamíferos foi afetado.
Em março, vacas e cabras juntaram-se à lista surpreendendo os peritos, uma vez que estes animais não eram considerados sensíveis a este tipo de gripe.