25 de Janeiro de 2016 A obesidade nas crianças menores de cinco anos atingiu taxas «alarmantes» e tornou-se «um pesadelo explosivo» nos países em desenvolvimento, particularmente em África, onde a taxa duplicou desde 1990, alertou hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS). Os autores do relatório, da comissão sobre o fim da obesidade infantil da OMS, sublinham que durante muito tempo o fenómeno não foi visto como uma questão de saúde importante, sendo considerado por alguns como o resultado de um comportamento escolhido no seio da família. O inquérito, realizado durante dois anos em mais de 100 países, concluiu que os governos e as políticas de saúde pública são fundamentais para travar a epidemia. «Qual é a principal mensagem? É que não é culpa das crianças», declarou à imprensa Peter Gluckman, co-presidente da comissão. Entre as causas do agravamento da epidemia, que exige uma resposta global coordenada, estão fatores biológicos, uma diminuição da atividade física nas escolas e a falta de regulamentação do comércio dos produtos que engordam, indica o relatório. Se nada for feito, «a epidemia de obesidade pode reduzir muitos dos benefícios em matéria de saúde que contribuíram para o aumento da longevidade», alertou a comissão. O estudo assinala que, «até à data, os progressos na luta contra a obesidade infantil têm sido lentos e inconsistentes». As recomendações no relatório são as do senso comum, como a promoção de bons hábitos alimentares, o exercício físico e o acompanhamento psicológico dos jovens obesos, avançou a “Lusa”. Mas, como sublinham os autores, não foram suficientemente postas em prática pelos governos e o número de crianças com excesso de peso passou de 31 milhões em 1990 para 41 milhões em 2014. Em África, o número de crianças menores de cinco anos com excesso de peso ou obesas quase duplicou entre 1990 e 2014, passando de 5,4 milhões para 10,3 milhões. A taxa de aumento na Ásia é mais difícil de calcular, disse Gluckman, mas perto de metade das crianças consideradas obesas em todo o mundo vive em países asiáticos. Um quarto vive em África. O relatório sublinha que nos países ricos as crianças pobres têm maior probabilidade de serem obesas, em parte devido ao preço mais baixo da “comida rápida” (fast-food) com alto teor de açúcar. Ao contrário, nos países pobres, as crianças de famílias mais ricas correm maior risco de obesidade, especialmente em países onde «culturalmente uma criança com excesso de peso é sinal de boa saúde», indica o relatório. |