No mês dedicado ao coração, é importante alertar para uma doença do sistema cardiovascular que pode acontecer em qualquer etapa da vida – da infância à terceira idade – e pode ser fatal – o Tromboembolismo Venoso (TEV). Mas é possível tratar com sucesso, mesmo quando as crianças são afetadas.
A trombose venosa corresponde à formação de um coágulo (trombo) no sistema vascular venoso que pode ocorrer em várias zonas do corpo e provocar oclusões de diferentes graus. Estes factores fazem variar os sinais e sintomas da doença. Os locais mais frequentes de TEV são as veias das pernas (Trombose Venosa Profunda) e os pulmões (Embolia Pulmonar).
O TEV pode ocorrer em qualquer idade, até em crianças, mas há fatores de risco determinantes como TEV prévio, doença oncológica ativa, cirurgia ou trauma recentes, mobilidade reduzida, idade avançada, trombofilia, gravidez e período pós-parto, uso de medicação com estrogénios (pílula, terapêutica hormonal de substituição na menopausa), entre outros.1
Os sinais de TEV podem ser ligeiros ou pouco específicos, conforme os diferentes casos, por isso é fundamental identificar e investigar situações de risco, principalmente nas crianças que estão internadas, onde a ocorrência destes eventos é mais propícia e frequente.
Em Portugal, não existe um registo dos casos de tromboembolismo venoso (TEV), mas estima-se que a incidência seja semelhante aos dados reportados noutros países, entre 0,07 e 0,14 casos por 10 000 crianças (15-200 vezes inferior em comparação com a população adulta). Contudo, apesar de pouco prevalente, na ausência de tratamento, o TEV pode ter uma evolução fatal ou provocar lesões graves, progressivas e irreversíveis.
O tratamento do TEV passa pela anticoagulação, mas dependendo da gravidade pode ser necessário tratamentos invasivos ou trombólise.3 A duração do tratamento deve ser individualizada, podendo ir de 3 a 6 meses até períodos de tratamento mais prolongados (manutenção a longo prazo).
Em idade pediátrica, o tratamento do TEV deve ser feito em centros de referência e por equipas multidisciplinares. Recentemente, os anticoagulantes orais diretos, que já eram utilizados em adultos, passaram também a estar em indicados em idade pediátrica, tendo demonstrado um perfil de eficácia e segurança consistente desde o recém-nascido. Na ausência de contraindicação, têm a vantagem de ser administrados sob a forma de solução oral, em vez de intravenosa ou subcutânea, o que especialmente no caso das crianças, facilita a sua utilização.
No caso do TEV em idade pediátrica, a maioria dos casos são diagnosticados em crianças hospitalizadas, a prevenção passa pelo reconhecimento dos fatores de risco como o cateter vascular venoso central, infeção grave, doença oncológica, grande cirurgia ou cardiopatia congénita.
Apesar de, o número de casos em crianças e adolescentes, ser muito inferior à dos adultos, parece existir um aumento da sua frequência nas últimas décadas, sobretudo em crianças hospitalizadas e, na maioria das situações, com fatores de risco associados.