Celebrou-se no dia 4 de outubro o Dia Nacional do Médico Veterinário, um dia que relembra a profissão que cada vez mais tem um papel preponderante na saúde pública e animal. Assim o diz o bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, Jorge Cid, que considera que “apesar de o médico veterinário ter um grande papel na área do bem-estar dos animais, estudos comprovam que cerca de 70/72% das doenças emergentes têm origem animal, portanto cada vez mais os médicos veterinários têm que trabalhar em estreita ligação com a medicina humana e o meio ambiente”, contribuindo para o conceito de One Health, onde a saúde humana, animal e ambiental se interligam.
“Na sociedade existe a perceção que o médico veterinário trata apenas os animais de companhia, mas é uma profissão muito mais abrangente”, afirma o bastonário que esclarece que, hoje em dia, a profissão pode ir desde as áreas clínicas e cirúrgicas dos animais de companhia, de produção, exóticos e zoo, a algo que para muitos é desconhecido, como as áreas de segurança e higiene alimentar. Apesar de o grande público não ter noção desta abrangência, importa lembrar que, por exemplo, a inspeção prévia de um produto alimentar faz parte das atividades fundamentais do médico veterinário. “Qualquer coisa que as pessoas comam de origem animal num restaurante ou que comprem no supermercado, teve de ser avaliado por um profissional”, declara Jorge Cid.
A verdade é que este processo de inspeção sanitária “começa logo na origem, quando o médico veterinário faz os planos de profilaxia (prevenção de doenças) e do tratamento dos animais destinados a consumo”, explica o bastonário. Aqui a indústria farmacêutica ganha também um papel extremamente importante, uma vez que se “torna impossível tratar dos animais, sem uma investigação contínua, na linha da frente, para descoberta de medicamentos mais seguros, eficazes e com menos efeitos secundários”, afirma.
Aos olhos de Jorge Cid, Portugal, é um país extremamente seguro na parte alimentar, devido “ao esforço e empenho técnico e científico do médico veterinário que desempenha cabalmente esta função nobre que é a de inspecionar todos os alimentos de origem animal destinados ao consumo público”. Contudo, a pandemia COVID-19 veio pôr à prova esta área veterinária fundamental para a saúde pública, bem como todos os profissionais.
Os momentos muito difíceis de grande sacrifício por parte da classe médica veterinária não fizeram com que se baixasse os braços. O bastonário afirma que “as dificuldades de recursos humanos, onde equipas estavam tão reduzidas que médicos tiveram de fazer mais do que a sua função sem horário, serviram para dar exemplo muito grande de espírito de bem servir toda a sociedade”.
Mesmo em pandemia, conseguiu-se cumprir todas as funções, sem deixar para trás a parte alimentar, clínica e de cirurgia dos animais de companhia e de produção. Acredita-se que nenhum animal tenha ficado sem tratamento e nenhum alimento tenha ficado por inspecionar. E por essa razão, “se deve agradecer e celebrar o profissionalismo dos médicos veterinários”, conclui Jorge Cid.