Em Portugal, a produção nacional de alimentos desempenha um papel crucial na garantia da segurança alimentar, no fortalecimento da economia local, na preservação da cultura alimentar e na redução dos impactos ambientais associados ao transporte dos produtos. Contudo, apesar da evolução dos últimos anos, os especialistas consideram que há ainda caminho a percorrer no âmbito de uma estratégia que envolva (verdadeiramente) todos os stakeholders da indústria agroalimentar.
Helena Real, secretária-geral da Associação Portuguesa de Nutrição, destaca a importância de consumir produtos locais e nacionais, frisando que tal contribui para “impulsionar a economia local e nacional e é importante para o desenvolvimento social das comunidades, dois importantes eixos da sustentabilidade”.
Porém, como esclarece a nutricionista: “Muitas vezes, associamos também este tipo de recomendações à dimensão ambiental, o que pode ser errado. O transporte tem um impacto residual em termos de pegada de carbono de um alimento. Obviamente que se reduzirmos o transporte, a pegada será menor, mas tem muita mais importância a produção do alimento, por exemplo”.
O transporte “pode ser responsável pela emissão de menos de 10% dos gases de efeito de estufa (no contexto de uma análise de ciclo de vida de um alimento), enquanto a produção alimentar pode ser responsável por mais de 40%… Desta forma, recomendar consumo local ou nacional sob o chapéu da sustentabilidade ambiental, apenas poderá ser feito quando soubermos que a produção local ou nacional tem origem num modelo de produção sustentável”.
Assim, para Helena Real, consumo local, dieta Mediterrânica e alimentação saudável “são conceitos que andam de mãos dadas. Não são sinónimos, porque alguns conceitos são mais amplos do que outros. Por exemplo: a Dieta Mediterrânica inclui quatro eixos — alimentação, produção sustentável, convivialidade, estilo de vida — pelo que, nesta situação, poderemos dizer que o conceito de Dieta Mediterrânica inclui o conceito de produção local (em função do que o solo pode produzir e de acordo com as condições climáticas, sendo produzido de forma sustentável) e representa uma alimentação saudável, visto que inclui um padrão alimentar promotor de saúde”.
“Consumir local: da moda à ação!” é um dos artigos especiais da próxima edição da revista VIVER SAUDÁVEL, afeta aos meses de julho e agosto, a ser disponibilizada brevemente. Conheça mais especificidades a ter em conta pelo nutricionista nesta temática na sua revista profissional.
