20 de dezembro de 2017 A bastonária da Ordem dos Nutricionistas considerou hoje «claramente positiva» a redução do excesso de peso das crianças entre os 6 e os 8 anos, mas disse ainda ser insuficiente, porque 30,7% continuam com quilos a mais. «Desde 2008 até à atualidade temos uma redução de 7,2% da prevalência de excesso de peso das crianças entre os 6 e os 8 anos, o que é claramente positivo e podemos dizer que estamos na direção certa, mas os resultados ainda são insuficientes porque de facto temos 30,7% das crianças com peso a mais», disse Alexandra Bento à agência “Lusa”. Alexandra Bento comentava desta forma os resultados do sistema de vigilância que analisa o estado nutricional infantil (COSI), que registou em 2016 uma diminuição nos três indicadores: obesidade, excesso de peso e baixo peso. Os resultados do COSI 2016, que avaliou 6.745 crianças das 230 escolas do primeiro ciclo do Ensino Básico, indicam que 30,7% tinham excesso de peso (31,6% em 2013), 11,7% eram obesas (13,9% em 2013) e 0,9% tinham baixo peso (2,7% em 2013). Para a bastonária, estes resultados apontam que se está «na direção certa», na redução da prevalência do excesso de peso e da obesidade. Contudo, «ainda são insuficientes, o que nos deve motivar para apostarmos com mais força, com mais vigor, em medidas que sejam preventivas, desenhadas intencionalmente para estas crianças» para que possam comer melhor e ter um peso adequado. «O que desejamos é que num espaço de tempo, o mais curto possível, possamos dizer que Portugal compara com os países do norte da Europa», que têm os melhores resultados nesta área. O estudo demonstra também que «os hábitos alimentares das crianças continuam a não ser os adequados», disse Alexandra Bento. «Há mais consciência do problema, o que não quer que haja mais ação» para o «contrariar», frisou. O que se verifica é que as crianças que têm peso a mais são filhas maioritariamente de adultos que também têm peso a mais, o que mostra que «os hábitos em casa não são adequados para que se tenha uma alimentação correta». Para Alexandra Bento, o ambiente familiar e o ambiente escolar «devem merecer grande atenção» e «o Estado terá que liderar uma grande ação no sentido de melhorar os hábitos alimentares das crianças», defendeu. Em 2016, as regiões que apresentaram uma prevalência de excesso de peso infantil acima da apresentada a nível nacional no COSI Portugal (30,7%) foram as regiões Norte (33,9%), a Madeira (31,6%) e os Açores (31%). Coordenado cientificamente e conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), em articulação com a Direção-Geral da Saúde (DGS), o COSI produz dados comparáveis entre países da Europa e permite a monitorização da obesidade infantil a cada dois, três anos. |