Nutricionista pode estabelecer “muitas pontes com outros profissionais” nas ULS 1006

Sendo o tema do XXIII Congresso de Nutrição e Alimentação, da Associação Portuguesa de Nutrição (APN), “Nutrição uma Ciência para a Inclusão”, em vários momentos do evento foram abordados os desafios alimentares e nutricionais em populações e grupos populacionais específicos, assim como a importância da ajuda alimentar e da intervenção do nutricionista nestes casos. Foi ainda abordado, em jeito de tertúlia, a integração de cuidados nos serviços de Nutrição.

“Fala-se muito da integração de cuidados e é realmente uma vantagem na ULS porque conseguimos contactar com vários colegas”, declarou Raquel Arteiro, nutricionista na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, especificando que “podem ser estabelecidas muitas pontes com outros profissionais e é importante captar essas pontes”.

A nutricionista, que falava durante a tertúlia ‘A Integração de Cuidados nos Serviços de Nutrição — Acesso, Percurso dos Utentes, Priorização e Impacto nas Desigualdades’, revelou que “no serviço de Nutrição ainda não temos indicadores de desempenho e é algo que nos faz falta, mas podemos contribuir para melhorar os indicadores de desempenho das outras equipas”.

Deste modo, como explicou, a “integração nas várias equipas de trabalho implica que consigamos de alguma forma beneficiar a nossa população com a melhoria desses indicadores. Muitos dos indicadores são, aliás, de áreas que também nos dizem respeito, como a diabetes ou a hipertensão”.

Mais nutricionistas no terreno 

Tânia Magalhães é diretora do Serviço de Nutrição da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, que foi “a primeira ULS do país” e que “representou mais nutricionistas a trabalhar”. Olhando para as novas ULS, “havendo já nutricionistas no terreno, quer ao nível dos cuidados de saúde primários, quer ao nível dos hospitalares, acredito que levará à colocação de novos colegas”.

No entanto, “não deixamos de ter os nossos déficits”, revelou a nutricionista, contando que “ao nível dos cuidados de saúde primários, estamos com uma nutricionista para cerca de 33 mil habitante, o que não corresponde de todo às necessidades da população”. Assim sendo, “é com muito esforço e trabalho multi e interdisciplinar que vamos desenvolvendo o nosso trabalho e procurando que a população tenha acesso aos nossos cuidados”.

Tânia Magalhães destacou ainda a relevância “da articulação e comunicação dentro do próprio serviço. É uma mais-valia haver uma excelente comunicação entre os colegas que estão nos cuidados de saúde primários e nos cuidados hospitalares”, nomeadamente “haver uma transversalidade dos próprios cuidados e o serviço assumir essa postura transversal”, concluiu a nutricionista.

“Cada abordagem deve ser individualizada” é um dos artigos de cobertura da próxima edição da revista VIVER SAUDÁVEL, afeta aos meses de julho e agosto, a ser disponibilizada brevemente. Conheça mais especificidades a ter em conta pelo nutricionista nesta temática na sua revista profissional.