Nutricionista: Alimentação de base vegetal pode ajudar atletas a melhorar performance 1000


31 de outubro de 2017

O nutricionista Darchite Kantelal, que acompanha os atletas do Estoril Praia, defende que a alimentação de base vegetal pode estar associada a alguns benefícios, sobretudo às reservas de energia.

Ouvido pela “Lusa” a propósito do Dia do Veganismo, que se assinala amanhã, Darchite Kantelal diz que, em termos científicos, este tipo de alimentação «não limita a performance desportiva dos jogadores» e, pelo contrário, «até poderá estar associada a determinados benefícios».

«Os atletas que geralmente são vegetarianos tendem a ter maiores reservas de energia (…). Este tipo de alimentação poderá também melhorar capacidade de combater o stress oxidativo que geralmente é causado pelo exercício», reconhece o nutricionista que trabalha com o Estoril Praia e estagiou no Sport Lisboa e Benfica.

Era vegetariano e em 2015 tornou-se vegano (não consome nada de origem animal, desde a alimentação aos produtos e roupas que usa diariamente). Diz que foi «por questões éticas e ambientais», mas sublinha que não é ortodoxo: «Respeito todos».

«Há pessoas que reduzem apenas o consumo de carne. Não existe um extremo a definir, em que se pense que ou se é vegano ou não se está a fazer nada [pelo ambiente]. Quem, por exemplo, reduz o consumo de carne ajuda o ambiente e pode melhorar a sua saúde», afirma.

Apesar de não comer nada de origem animal, o nutricionista reconhece que não aplica os princípios de uma alimentação de base vegetal a 100% nos atletas do Estoril Praia que segue. «O que faço é aumentar o consumo de hidratos de carbono porque é essencial. Tento incluir fontes de hidratos de carbono não processadas às refeições, como a batata, a quinoa, as leguminosas e massas» exemplifica.

Defende que na história «não houve período mais fácil para ser vegano do que agora».

«Ainda ontem comi num restaurante tipicamente português que oferecia pratos tradicionais perfeitamente adaptáveis à alimentação de base vegetal», conta.

Sob o ponto de vista alimentar, sublinha a variada oferta atual dos grandes supermercados, com um exemplo: «Na zona dos laticínios, metade é leite e outra metade são bebidas vegetais com uma série de sabores».

Diz que não é preciso ser vegetariano ou vegano para fazer a diferença. «Reduzir o consumo de carne e aumentar alimentos de base vegetal já está a fazer a diferença», afirma, reconhecendo que «as pessoas estão cada vez mais conscientes».

Sobre os custos de uma alimentação vegetariana ou vegana, o nutricionista não tem dúvidas: «Há pessoas que seguem uma alimentação vegetariana ou vegana por ser mais acessível. Não tem que ver com ser ou não biológico. A batata, os vegetais e as leguminosas são mais baratos por quilo do que a carne ou o peixe».